Baixo Sul da Bahia sofre nova ameaça: Comunidade Quilombola de Graciosa pode ser expulsa por estacionamento e posto de gasolina

Em decisão arbitrária e amplamente questionável, o juiz Lincoln Pinheiro Costa, da Subseção Judiciária de Ilhéus, encaminhou o processo que versa sobre o conflito na comunidade em favor dos empresários que vêm pressionando o território quilombola e que planejam ali construir empreendimentos relacionados à expansão do turismo na região.

Comunidade Quilombola de Graciosa

Situado na região do Baixo Sul da Bahia, na divisa entre os municípios de Taperoá e Valença, às margens da rodovia BA-001, o cais de Graciosa é considerado uma área estratégica para os empresários. O projeto em questão consiste na construção de equipamentos de infraestrutura (estacionamento, posto de gasolina e reformas no cais) que possibilitariam um novo ponto de embarque para turistas que têm como destino as ilhas de Tinharé e Boipeba, principais pontos turísticos da região e onde está localizado Morro de São Paulo.

A área em questão é utilizada há mais de um século pela comunidade de Graciosa para pesca e mariscagem, as duas principais atividades desempenhadas pelos moradores. Composta por 154 famílias, em 2008, Graciosa foi certificada pela Fundação Cultural Palmares (FCP) como comunidade quilombola e após a aproximação com o Movimento de Pescadores e Pescadoras (MPP) e com o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), vem se organizando para resistir e enfrentar o avanço de empreendimentos em seu território.

A construção dos empreendimentos em Graciosa se ancora em uma forte articulação que envolve investimento público e políticos locais, com grande poder de influência na região. Frente a isso, a comunidade, em parceria com a Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais (AATR), vem formalizando diversas denúncias na justiça relacionadas tanto aos crimes ambientais e às inúmeras irregularidades dos empreendimentos em questão.

O empreendimento não é interesse da comunidade, pois está baseado em um modelo exploratório da natureza e comprometerá a pesca artesanal e a mariscagem realizada pelos moradores de Graciosa. Pescador não precisa desse tipo de emprego. Pescadores e Quilombolas precisam que seus direitos sejam garantidos! Vale ressaltar ainda que o Relatório de Titulação, Identificação e Demarcação (RTID) do território de Graciosa já está sendo elaborado pelo INCRA, o que torna ainda mais absurda a decisão do juiz Lincoln Pinheiro da Costa.

Pela defesa do território Quilombola de Graciosa!

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Assista ao vídeo que trata sobre o conflito na Graciosa:


 

Para saber mais sobre o caso:

  • Veja a Carta de Repúdio que identifica as principais fragilidades do processo e da decisão judicial.
  • Registro detalhado do caso disponível no site do Mapa de Conflitos da Fiocruz [Mapa de Conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil].

Como colaborar?

Divulgue o vídeo, entre em contato com a comunidade ([email protected]) e envie protestos e manifestações para os seguintes e-mails:

Leia também:

Carta de Repúdio: “Baixo Sul da Bahia sofre nova ameaça à Comunidade Quilombola de Graciosa”

Destaque: Demétrio Gomes, liderança do Quilombo de Graciosa. Imagem capturada de vídeo.

Comments (2)

  1. O Interesse financeiro em nossas terras levam a alguns afirmarem que nem somos quilombolas…daqui a pouco afirmarão que não somos negros, quem sabe somos europeus??? Será que é essa é uma colônia de imigrantes italianos?

  2. Estas áreas nunca foram quilombolas. Se for um órgão independente lá, vai ver que boa parte destas pessoas nem do município é, quanto mais do local.

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