Projeto Telesaúde no Rio Negro

FOIRN

Em maio 2014 foi iniciado junto com a empresa canadense e-KSS Inc. o projeto Telesaúde Indígena do Rio Negro. O objetivo do projeto é o levantamento do perfil da saúde indígena das comunidades na região do Rio Negro como forma de promover o decréscimo da mortalidade infantil e materna. E assim, fortalecer a cultura local através do resgate e valorização dos conhecimentos e conhecedores indígenas sobre a saúde. Um exemplo é o mapeamento e resgate das parteiras indígenas como um dos elementos fundamentais desse processo.

Para a realização do projeto, a FOIRN conta com a parceria e apoio da e-KSS Inc através do seu Programa “Telesaúde Indígena da Amazônia”, um programa pioneiro de empoderamento indígena cujos resultados representam um comprometimento por meio do “Programa Toda Mulher e Toda Criança” da Organização das Nações Unidas. A e-KSS trabalha com a FOIRN para conduzir pesquisa, transferir conhecimento, promover colaboração, prover assistência técnica, educação e treinamento em saúde, com o objetivo de empoderar os povos indígenas da Amazonia, assegurando desta forma a sustentabilidade de resultados em saúde voltados às mulheres e crianças indígenas.

Experiências iniciais

Em 2014 e 2015, a FOIRN através de suas coordenadorias regionais (COIDI, CABC, COITUA, CAIMBRN e CAIARNX), mobilizou as comunidades para indicarem uma pessoa para receber treinamento básico sobre a utilização dos equipamentos do projeto e técnicas de coleta e processamento de dados. Inicialmente, o projeto teve como pontos estratégicos experimentais comunidades de abrangências das coordenadorias CABC (Tunuí Cachoeira e Assunção do Içana – Região do Içana e Afluentes), COITUA (Taracúa – Baixo Uaupés e Pari Cachoreira – Tiquié) e COIDI (Iauaretê – Médio e Alto Uaupés e Rio Papuri). Foi nesses pontos que foram feitas coletas de dados e inicio dos trabalhos.

No primeiro ano de atividades do projeto foi possível obter dados importantes sobre o perfil da saúde nas comunidades onde foram realizadas as coletas de dados. A vice – coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da FOIRN, Francinéia Bitencourt Fontes, da etnia Baniwa, uma das coordenadoras do projeto disse que com a coleta de informações nas comunidades é possível conhecer e entender o perfil da saúde das mulheres e crianças graças ao Programa de Telesaúde Indígena. “Hoje já é possível acompanhar e entender melhor a situação de saúde das mulheres e crianças nas comunidades, e com isso, prever e buscar meios para garantir atendimento a eles remotamente em caso de necessidade”.

Os agentes do projeto, voluntários indicados pela comunidade e treinados, chegam à comunidade e apresentam o projeto, os objetivos e os resultados que se alcançar. “Primeiro realizamos a parte de apresentação dos objetivos do trabalho, onde falamos também da importância do projeto para a luta pelos serviços de saúde de qualidade, e principalmente a importância de valorização de nossos conhecimentos relacionados à saúde. ”- disse Larissa Duarte, 21 da etnia Tukano.

O levantamento é feito em parceria e colaboração com os Agentes Comunitários Indígenas de Saúde (ACIS) responsáveis direto pela saúde nas comunidades indígenas no Rio Negro. E após a coleta de informações em forma de planilha, os dados são enviados para o Centro de Telesaúde Indígena do Rio Negro na FOIRN em São Gabriel da Cachoeira, gerido pelo Departamento de Mulheres Indígenas.

Próximos passos

Junto com a e-KSS, as experiências de coleta de dados e gerenciamento de informações vão contribuir para a consolidação do Centro de Telesaúde Indígena do Rio Negro como parte dos objetivos de longo prazo do projeto assinado entre os dois parceiros.

Com isso, será possível realizar programas como tele-educação em saúde, implementação de modelos eficazes de atendimento visando a integração de serviços de saúde baseados nas medicinas tradicional e ocidental e ainda, a promoção dos trabalhos visando o empoderamento dos povos indígenas do Alto Rio Negro quanto ao controle, acesso e propriedade de toda informação relativa à saúde e à prestação de serviços em saúde. Um resultado imediato do projeto é a capacitação para a triagem de pacientes e diagnósticos à distância, evitando assim uso indevido de recursos financeiros no transporte de pacientes e contribuindo diretamente para a otimização do sistema de saúde indígena.

Há anos, a FOIRN vem discutindo formas de desenvolver uma ação voltada para a área de saúde indígena, além de controle social sobre as políticas públicas voltadas para a saúde indígena.

Para diretor da FOIRN, Nildo José Milguel Fontes, Tukano, o projeto Telesaúde representa uma construção de autonomia e base para a gestão territorial no Rio Negro. “Através dos dados que estamos coletando estaremos formando um banco de dados necessário e importante para futuros projetos, que visam fortalecer a gestão do nosso território, que tem como uma das linhas de ações a saúde indígena”, disse.

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