Associação indígena repudia a expulsão de coordenador da Funai e ocupação de prédio, no AM

Na última semana, cerca de 100 indígenas das etnias Matis, Marubo e Kanamary retiraram à força o coordenador da Funai e ocuparam o prédio do órgão

Por Vinicius Leal, em A Crítica

A Associação dos Kanamary do Vale do Javari (Akavaja), entidade representante da etnia Kanamary, divulgou uma nota repudiando a expulsão do coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) e a ocupação do prédio do órgão, ocorrido na semana passada, no município de Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros da capital Manaus).

Na última terça-feira (19), cerca de 100 indígenas das etnias Matis, Marubo e Kanamary retiraram à força o coordenador da Funai, Bruno Pereira, e ocuparam a sede do órgão.  Eles alegavam insatisfação quanto à posição da Funai sobre um conflito entre índios das etnias Matis e Korubo, e passaram a pedir a exoneração do posto e chegaram a se reunir para formular um documento com um novo nome para assumir a direção da Funai no município.

“Sabemos que os problemas dos Matis sobre os Korubos são problemas internos e não de todo mundo. Nesse caso, os Matis têm que respeitar o território dos outros povos, principalmente dos isolados. Nós Kanamary sabemos reconhecer e respeitar outros povos. Portanto, quando se trata da exoneração do coordenador, cabe um diálogo do presidente da Funai, consultando as lideranças tradicionais das aldeias juntamente com movimento indígena legítimo”, consta na nota dos Kanamary.

A entidade indígena também afirma ser preciso respeitar a opinião de outros povos para se resolver problemas em conjunto e considerou desnecessária a ocupação do prédio da Funai. “A ocupação trouxe um grande problema para todos os povos da região que são atendidas (no local), paralisando vários eventos dos indígenas como a realização do Bi-Nacional dos Mayurunas, o 1º Encontro do Povo Kulina Madjiha no Juruá e a organização dos trabalhos para o Encontro dos Kanamary”,

De acordo com a Associação dos Kanamary do Vale do Javari (Akavaja), foram prejudicados povos das etnias Kulina Pano, Mayuruna, Kanamary, Marubo, Kulina Madjiha, Deni, Tsohon-djapa e Kanamari do rio Juruá.

“Tal ocupação foi feita por só um povo, sem consultar outros povos. Até hoje o povo não tem informações claras do que se trata desta ocupação. Não concordamos com esta atitude. Queremos uma coisa em união e não aceitamos o nosso nome ser usado em documentos por este movimento. Queremos ser consultados e respeitados, e não ser representados por qualquer um”, constava em outro trecho da nota.

Ao final, a associação Akavaja declarou que não considera legítimos os documentos encaminhados à Funai de Brasília pelos índios que ocuparam o prédio do órgão em Atalaia do Norte, porque não tiveram conhecimentos.

A reportagem tentou fazer contato com a assessoria de imprensa da Funai, mas não obteve sucesso.

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