por Alenice Baeta e Henrique Piló
O antigo engenho conhecido como, ‘Engenho do Fidalgo’ situava-se na antiga fazenda homônima, vale do rio das Velhas, hoje município de Lagoa Santa, localidade de referência das primeiras instalações ou pousos dos primeiros exploradores bandeirantes que por ali se adentraram a procura de ouro e pedras preciosas, além do aprisionamento de indígenas.
A Fazenda Fidalgo, que interligava a região de Sabaraçu aos desconhecidos sertões, faz parte de um antigo roteiro na região central de Minas Gerais e o seu antigo engenho, aqui tratado, configurava importante e raríssimo modelo etnoarqueológico, pois tratava-se de uma antiga estrutura típica de produção colonial ou ‘rancho’ mineiro.
O ‘Engenho do Fidalgo’ situava-se em encosta bem suave, onde ao seu redor havia roças de milho e cana de açúcar, ladeadas ainda por uma série de canais de água. Defronte a esta estrutura há trecho de caminho real onde houve importante embate entre o superintendente das minas (o fidalgo D. Rodrigo de Castelo Branco) e comparsas da expedição de Borba Gato, originalmente integrante da Bandeira de Fernão Dias. O lugar onde se inseria o antigo engenho era fortemente relacionado a esta memorável emboscada ao fidalgo, por isto, essa nominação à gleba. Além dessa tocaia, o local é ainda associado a uma série de conflitos e violências relacionados à expansão das fronteiras coloniais e disputas de poder, que ocorreram sucessivamente no vale do rio das Velhas, incluindo o povoado Sumidouro, onde ocorreram inúmeros assassinatos, devido conspirações e traições entre os comparsas, além de inúmeras perseguições a indígenas.
Este engenho estava praticamente completo até recentemente, mas foi totalmente destruído, e de uma vez (possivelmente em um único final de semana) quando as suas peças componentes foram desmontadas e levadas do local original, obviamente, sem ciência dos órgãos patrimoniais. Imagina-se que as peças componentes desse engenho possam ter sido equivocadamente comercializadas. O ‘desaparecimento’ deste bem cultural, tão raro, configura mais um absurdo no âmbito do patrimônio cultural e histórico de toda uma região, extrapolando o município de Lagoa Santa.
Além da paisagem abruptamente desfigurada, ficam algumas falas de antigos moradores do vale do ‘Velhas’ e a lembrança de um velho e único engenho que estranhamente ‘sumiu do lugar’… Procura-se.
Grata pela informação, Denise. Vou encaminhar para a Alenice.
https://www.migalhas.com.br/quentes/387165/imovel-tombado-e-demolido-e-dono-e-condenado-em-r-200-mil
Parabens , mais uma vez, Alenice e Henrique,
Onde erramos? Com a nova Lei ambiental de LS conseguiremos outras garantias, alem de nossa indignação?
Absurdo isto! Ninguém deu notícias desta destruição? Quem é o responsável pela área? deveria ser cobrado uma explicação para tamanha destruição.
Caros Alenice e Henrique,
Parabéns pela excelente e importante matéria sobre o Engenho do Fidalgo. Infelizmente, nossa memória está sendo desmantelada e este é mais um caso de perda irrecuperável. Que práticas como essa, de desmonte e venda dos nossos bens patrimoniais, seja combatida em nosso país. A educação da população e a documentação são medidas que podem reverter um pouco esta situação calamitosa.
Abraços,
Vitor Moura
Nossa!! que absurdo!! como que um patrimônio deste some assim, sem ao menos deixar vestígio?