‘Mães não podem ser prefeitas’, diz Berlusconi em meio a denúncias de sexismo na política italiana

Ex-premiê da Itália diz que ocupar Prefeitura de Roma ‘não seria a escolha certa’ para a pré-candidata Giorgia Meloni, que está grávida e é rival do seu partido

Opera Mundi

O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi declarou nesta terça-feira (15/03) que a pré-candidata à Prefeitura de Roma Giorgia Meloni, que está grávida, não é adequada para assumir o cargo porque, segundo Berlusconi, a função de prefeita e a maternidade são incompatíveis.

“Uma mãe não pode ser prefeita. Ser prefeita significa estar em seu escritório 14 horas por dia. Não acho que seria a escolha certa para Meloni”, afirmou o ex-premiê à rádio RAI. Para as eleições municipais de Roma, Berlusconi apoia Guido Bertolaso, candidato de seu partido, o Forza Italia.

Nesta segunda-feira, Bertolaso afirmou que Meloni não deveria enfrentar a campanha porque ela “precisa pensar em ser mãe”. “Acredito que é a coisa mais bela que pode acontecer a uma mulher. Deve escrever esta página da vida. Não entendo por que obrigá-la a fazer uma campanha eleitoral que será feroz”, disse ele à emissora A7.

No último domingo, a política Patrizia Bedori, do M5S, afirmou que abandonaria a campanha à Prefeitura de Milão após ser hostilizada por sua aparência. Bedori disse ter sido chamada de “feia, gorda e obesa” e ter sido ridicularizada por ser uma mãe que não trabalha fora de casa. “Não estou ofendida, existem milhões de donas de casa e são elas – suas mães, irmãs, esposas e namoradas – que dedicam o tempo à família e assumem uma série de tarefas com as quais o Estado falhou”, afirmou Bedori em seu perfil do Facebook.

A ministra italiana da Saúde, Beatrice Lorenzin, declarou nesta segunda-feira, por meio de um comunicado, que a Itália “não é um país para mulheres”. Segundo ela, que defendeu Meloni e Bedori, os acontecimentos recentes revelam “uma misoginia profunda”. “Tudo isso demonstra uma falta de respeito à mulher e a ausência de reconhecimento da mulher como sujeito político”, afirmou.

Foto: Nos últimos dias, duas pré-candidatas italianas foram alvo de declarações que põem em dúvida capacidade política por elas serem mulheres

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