No MAB
A empresa VogBr, responsável pelo estudo de estabilidade da barragem de Fundão, que se rompeu causando a morte do Rio Doce, em Mina Gerais, também atestaram a viabilidade da barragem de rejeitos do projeto da Belo Sun, empresa que quer extrair ouro às margens do rio Xingu no Pará.
Além da mesma empresa, a Belo Sun também contratou o mesmo engenheiro civil, Samuel Paes Loures. Ele foi responsável por elaborar em julho o laudo conclusivo de que a barragem de rejeitos da Samarco (Vale/BHP-Billiton) não oferecia riscos, no entanto, no dia 05 de novembro de 2015, a barragem rompeu, derramando entre 55 e 65 milhões de metros cúbicos de lama tóxica no Rio Doce.
s empresas VogBr, Vale e Samarco e outras 8 pessoas, incluindo o Samuel Loures, foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio qualificado com dolo eventual (quando se assume o risco de matar) e poluição de água potável. Eles foram responsabilizados pelas 19 mortes e pela poluição de mais de 600km do rio Doce e afluentes.
Em novembro de 2012, a Belo Sun divulgou o documento “Nota Técnica de Esclarecimento das principais questões abordas na Audiência Pública de Senador José Porfírio”, assinada pelo engenheiro civil Samuel Loures e pela VogBr, entre outras empresas. O documento afirma que dentre os riscos/perigos identificados no EIA/RIMA durante a fase de operação do projeto estão:
- Extravasamento da barragem de rejeitos e diques de contenção por aporte hídrico maior do que a capacidade de suporte do sistema;
- Rompimento da barragem de rejeitos;
- Rompimento do rejeitoduto.
Dessa forma, seria um impacto enorme a extração de ouro em grande escala proposta pela Belo Sun na região do Xingu, pois a quantidade de rejeitos armazenados nas duas barragens será de 92 milhões de m³, bem mais que a de Fundão. Além disso, essas barragens armazenarão uma mistura contendo cianeto, uma substância altamente perigosa para os seres humanos e o meio ambiente.
A Belo Sun pretende extrair cerca de 108 toneladas de ouro durante 17 anos de operação. No melhor cenário, a empresa prevê ter retorno financeiro a partir do terceiro ano e deve lucrar um total de R$3,33 bilhões.
Mesmo com essa sanha de espoliar o subsolo do Xingu, a Belo Sun vem sendo confrontada pela resistência das populações já atingidas por ela, como é o caso dos extrativistas minerais (garimpeiros), proibidos de trabalhar, comunidades ribeirinhas organizadas no MAB e indígenas da Volta Grande do Xingu. Com o resultado dessa luta, os atingidos estão conseguindo barrar a licença de instalação, cuja previsão era ter saído em março deste ano.