Os “gatos pingados” não devem ser esquecidos

por Alenice Baeta para Combate Racismo Ambiental

O movimento social e politico “gatos pingados” surgiu em julho do ano passado quando um grupo de moradores do “Observatório Social – Todo Poder Emana do Povo”, no município de Jacarezinho, Paraná, se mobilizou contra o aumento dos salários dos vereadores e de outros desmandos em plena crise econômica no município. Na ocasião da sessão um dos vereadores que defendia o aumento do seu salário justificou para o presidente da câmara: “essa meia dúzia de gato pingado não coloca pressão em ninguém” …

O comentário foi ouvido e virou meme e dai o grupo começou literalmente a miar e a protestar com mais força. Foi o estopim e os vereadores saíram sob vaias. Conseguiram na ocasião evitar tal absurdo e retornaram meses depois, já em 2016, quando houve nova tentativa de aumento, possivelmente os vereadores imaginaram que os “gatos pingados” haviam se dispersado, todavia, houve uma nova vitória e mobilização dos moradores de Jacarezinho, que se articularam ainda mais, ganhando visibilidade na internet, em abaixo-assinados e em telejornais.  Diante da repercussão do caso os vereadores voltaram atrás novamente.

Tais conquistas serviram de exemplo para outras tantas manifestações que ocorreram em sequência em dezenas de municípios também no Paraná e em alguns outros de São Paulo, fazendo com que vereadores e prefeitos corruptos, recuem em votações de aumentos abusivos dos próprios salários e de projetos de lei injustos ou obscuros. Tais movimentos adotaram a alcunha “gatos pingados” e argumentam que os políticos corruptos estão administrando as cidades brasileiras grandes, medianas e pequenas e que os problemas ligados à má gestão pública só mudam de endereço, por isto, os “gatos pingados” devem continuar inspirando ações de cidadania em outras porções do país, pois os “ratos” continuam soltos…

Je sui “gatos pingados”.

Imagem:

Os ‘Gatos Pingados’ – Movimento Social de Jacarezinho, PR, contra o aumento do salário dos vereadores – Foto: Antônio Picolli.

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