Povos Indígenas e pesquisadores discutem Museus e Processos Museológicos na Terra Indígena Kapinawá (PE)

Está acontecendo desde o dia 15 de agosto de 2016, na Terra Indígena Kapinawá (Município de Buíque-PE ), o II Fórum Nacional de Museus Indígenas e o III Encontro de Museus Indígenas em Pernambuco, reunindo representantes indígenas de 13 estados da Federação, Universidades, Instituições Indigenistas, de Pesquisa e organizações não governamentais que atuam nas áreas indígenas.

As principais temáticas discutidas se centraram no debate sobre o diálogo colaborativo e os processos de apropriação dos museus pelos povos indígenas, a memória e o patrimônio cultural. Outras questões amplamente debatidas entre os povos indígenas e os pesquisadores da área da museologia, da antropologia, da arqueologia e de outros campos do saber, foram os acervos etnográficos, a gestão de museus e a realização de inventários e diagnósticos participativos de processos museológicos, entre outros assuntos. Esses debates estão proporcionando um estimulante diálogo colaborativo entre os representantes dos museus indígenas e as instituições apoiadoras da sociedade civil e do Estado, à níveis municipal, estadual e federal presentes nesse evento.

A juventude indígena presente no evento discute as sobre as políticas culturais, reivindicando participação e apoio para registrar a memória atual e o modo de vida nas aldeias. Além dos pajés e lideranças indígenas do povo Kapinawá (PE), anfitrião do encontro, estão presentes os povos Fulni-ô (PE); Truka (PE); Pankará (PE); Atikum (PE); Pankararu (PE); Xukuru (PE); Kambiwa (PE); Kaingang (PR e RS); Potiguara (CE); Tupinambá (BA); Huni Kuin (AC); Trumai (Xingu); Suruí Paiter (RO); Munduruku (PA); Canela-Ramkokamekcrá (MA); Potiguara (RN); Apodi (RN); Xucuru (PE); Tapeba (CE); Anacé (CE); Pitaguary (CE); Jenipapo-Kanindé (CE); Tremembé (CE); Kanindé (CE); Tabajara e Cariri (PI); Potiguara de Amarelão (RN); Paiacu do Apodi (RN); Mundurucu (TO).
A conferência de abertura contou com a participação da Professora Emérita da Universidade de São Paulo, Lux Vidal, importante pesquisadora do campo da estética indígena e dos sistemas de objetos da cultura material dos povos indígenas do Amapá, onde assessorou por muitos anos o Museu Kuahí dos Povos Indígenas do Oiapoque (AP).

As instituições presentes, NEPE-UFPE, SECULT-PE, UFC, UFAM, UFS, PPGMUS-USP, ATOPOS-USP, UFPI, FUNDAJ, FUNAI, PROJETO XINGU/UNIFESP, IEPÉ, Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão, Museu Paraense Emilio Goeldi, LEMETRO-IFCS-UFRJ, Projeto Historiando, Rede Cearense de Museus Comunitários reforçaram o apoio técnico aos museus indígenas e se comprometeram a apoiar iniciativas de registro, de constituição de acervos de memória, qualificando e efetivando um importante diálogo colaborativo com os processos museológicos desenvolvidos pelas populações indígenas em diferentes regiões brasileiras.

As organizações indígenas presentes, APOINME, COJIPE, OJIKA, FEPHAC, UJP, além de representantes do Conselho Setorial de Patrimônio Imaterial e de Culturas Indígenas do CNPC-MinC, manifestaram suas preocupações com as questões relacionadas a gestão, a descontinuidades de apoio e a fragilidade das políticas culturais dos Estados e reivindicam participação ativa nas esferas de decisões.

O III Encontro de Museus Indígenas em Pernambuco e o II Fórum Nacional de Museus Indígenas receberam mensagens de apoio da Reitoria da UFPE, do Secretário Geral da International Union of Anthropological and Ethnological Sciences(IUAES) o professor Junji Koizumi da Universidade de Osaka, conclamando os participantes do evento a estarem presentes no próximo Congresso Internacional da IUAES em julho de 2018 em Florianópolis. Também participaram por vídeo, o indígena zapoteca do México Fernando Carreraz, da comissão de coordenação da Union de Museos Comunitarios de Oaxaca (UMCO-México) e da Rede de Museus Comunitários da America, convidando os participantes a se juntarem a essa rede internacional em um evento que acontecerá no mês de outubro no Panamá (o VIII Encontro da Rede de Museus Comunitários da América), além do museólogo francês Hugues de Varine, ex-diretor do ICOM (International Commission of Museums), que afirmou o papel político e social dos museus indígenas no contexto internacional.

Os participantes estão preparando propostas em quatro eixos, que são: Gestão museológica, territórios indígenas e patrimônio cultural; Formação e capacitação; Políticas públicas, sustentabilidade e fomento; Estratégias para articulação em rede (cidades, estados e regiões). Além destas propostas, estão sendo preparadas moções de apoio, entre elas, à mobilização dos povos indígenas de Pernambuco que ocuparam no último dia 15 de agosto a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, em repúdio à manobra do Estado brasileiro de municipalizar a educação escolar indígena, entre outras demandas estaduais e nacionais.

O II Fórum de Museus Indígenas segue até o dia 20 de agosto com palestras, debates e troca de saberes e experiências entre os processos musicológicos indígenas. Finaliza suas atividades com a realização do Festival Multicultural da Rede Indígena de Memória Museologia Social, na sexta-feira, dia 19 de agosto de 2016. No dia 20, as delegações seguem para seus estados e cidades de origem.

Foto: Daniel Pereira
Foto: Daniel Pereira

Contatos:
Rede Indígena de Memória e Museologia Social
www.redememoriaindigena.net.br
[email protected]
www.ufpe.br/museusindígenaspe
NEPE
‪#‎memoriaindigena2016‬ ‪#‎redeindigena2016‬#
Fotografias: Daniel Pereira

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Renato Athias.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

4 + 8 =