Para o jornalista, a prisão de Mantega e o indiciamento de Lula são uma grande estratégia para encontrarem motivos jurídicos para “melar” a operação, uma vez que o grande serviço já foi feito: “o impeachment de Dilma Rousseff e o nome do Lula jogado na lama”.
Colega de escola de Guido Mantega, o jornalista Juca Kfouri está inconformado com a prisão do ex-ministro da Fazenda e com os desdobramentos da Operação Lava Jato. Para ele, a prisão de Mantega e o indiciamento de Lula, são uma grande estratégia para encontrarem motivos jurídicos para “melar” a operação, uma vez que o grande serviço já foi feito: “o impeachment de Dilma Rousseff e o nome do Lula jogado na lama”.
Kfouri ainda afirmou que Mantega não seria capaz de roubar “um tostão”. “Não é possível que isso não seja fruto de mentes maquiavélicas, que cometem erros tão crassos, como o de prender, em um hospital, alguém que não coloca a sociedade em risco, no momento em que sua mulher está sendo submetida a uma biopsia, deixando Eike Bastista, que fez a denúncia, solto, o Eduardo Cunha solto, a alta plumagem do tucanato sem ser ouvida”.
Sobre a revogação da prisão do ex-ministro, o jornalista acredita que é uma forma de mostrar uma face humana de Sérgio Moro. “Não é possível que isso não seja uma coisa deliberada, e quem está falando isso não é do PT, nunca foi do PT. Sou absolutamente a favor de que todo mundo que cometeu atos ilícitos pague por eles, mas tem um limite, um limite que realmente lembra a frase do Brecht (o dramaturgo Bertolt Brecht). ‘Ou a gente grita, ou virão nos buscar, porque não há ninguém que grite por nós’”.
Leia o depoimento de Juca Kfouri na íntegra
“Eu fico sem saber o que pensar. Olho para tudo que está acontecendo e embora eu não seja adepto da teoria da conspiração, me ocorre que os exageros óbvios, desde a reunião de Curitiba na denúncia contra o Lula, até esse episódio da prisão do Guido, me parece que existe uma grande isenção para haver motivos jurídicos para melar a Lava Jato, em função do fato de o grande serviço já ter sido feito: o impeachment da Dilma Rousseff e o nome do Lula ter sido jogado na lama. Agora querem salvar a cabeça dos de sempre. Não é possível que isso não seja fruto de mentes maquiavélicas, que cometem erros tão crassos, como o de prender, em um hospital, alguém que não coloca a sociedade em risco, no momento em que sua mulher está submetida a uma biopsia, deixando o Eike Bastista, que fez a denúncia, solto, o Eduardo Cunha solto, a alta plumagem do tucanato sem ser ouvida. Não é possível que isso não seja uma coisa deliberada, e quem está te falando isso não é do PT, nunca fui do PT. Sou absolutamente a favor de que todo mundo que cometeu atos ilícitos pague por eles, mas tudo tem um limite, que realmente lembra a frase do Brecht. ‘Ou a gente grita, ou virão nos buscar, porque não há ninguém que grite por nós’. Eu costumo raciocinar, mas agora estou elaborando uma nota cujo tema central é ‘ já não sei o que pensar’. Agora o que faz o Sergio Moro: revoga a prisão. Aparece a face humana do juiz, para que amanhã ele possa fazer mais uma dessas arbitrariedades. Pegue a declaração do procurador do Ministério Público Carlos Fernando dos Santos que falou em ‘triste coincidência’, dizendo que a ordem era anterior e não foi cumprida devido às Olimpíadas. A Olimpíada impede que você vá à casa de alguém para levá-lo coercitivamente para depor? A Olimpíada era no Rio de Janeiro – Guido mora em São Paulo – e acabou faz um mês. As coisas não fazem sentido, não tem nexo. A esquerda estava se reorganizando com manifestações de rua, o Moro divulga o indiciamento do Lula. O ministro do Temer diz que é a favor da anistia do caixa 2, e eles vão prender o Guido! De alguma maneira, eles querem fazer frente à repercussão das coisas que são negativas para o establishment. Eu estou indignado, eu fui colega de escola do Guido, e uma coisa eu garanto para você: ele é incapaz de pegar um tostão para ele, é incapaz de fazer o que agora Eike Batista denuncia.”