Desrespeito aos direitos dos povos indígenas é retratado em “Guerra Sem Fim” (na íntegra)

Secretaria de Comunicação Social / Procuradoria-Geral da República

Tortura, perseguição, massacre e desrespeito. Essas foram as palavras que marcaram os relatos dos indígenas registrados no minidocumentário “Guerra sem fim: resistência e luta do povo Krenak”. A produção da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6ª CCR) do Ministério Público Federal (MPF), em parceria com a Associação Nacional dos Procuradores da República e a produtora Unnova, foi exibida na Procuradoria-Geral da República (PGR) nessa quarta-feira, 5 de outubro, seguida de debate.

O minidocumentário exibiu relatos de indígenas, antropólogos e membros do Ministério Público Federal sobre as ações de posseiros e militares que retiraram os Krenak do território em que viviam, na região do Rio Doce, em Minas Gerais, mediante prisão e forte repressão da cultura da etnia.

Hoje, apenas 25 indígenas da etnia ocupam uma reduzida área reconquistada com grandes dificuldades. Para os membros do MPF, a produção cinematográfica é uma forma de retratação simbólica aos indígenas pelo sofrimento e pelas violações sofridas.

Debate – O representante da etnia, Douglas Krenak, tocou uma flauta típica usada em manifestações culturais do seu povo para a plateia que assistia ao debate no auditório do Conselho Superior e agradeceu a presença de todos por prestigiar a narrativa dos Krenak.

Ele destacou o momento propício de lançamento do documentário para os povos indígenas e elogiou a iniciativa do MPF. “Esse documentário chegou em um momento em que nosso povo está lutando por muitas coisas como a demarcação do nosso território – que até hoje não existe. Esse trabalho chegou em um momento que o nosso povo sofre com a construção de hidrelétricas, com a invasão do nosso território sagrado. Com iniciativas assim, vemos que fora da nossa vivência existem pessoas que têm coração e reconhecem o outro como ser humano”, ressaltou o representante dos Krenak.

O coordenador da 6ª CCR, subprocurador-geral da República Luciano Mariz, classificou o minidocumentário como um fator motivador e enriquecedor para a atuação do MPF. “Esse documentário tem a capacidade de empoderar o titular de direito. É a voz dos Krenak que se faz ouvir. Ao mesmo tempo, ele traz imagens históricas de violação dramaticamente constatadas. Ou seja, um discurso de qualquer um de nós não consegue se equiparar ao poder da palavra da vítima de violação”, citou o subprocurador.

Massacre Indígena – A procuradora regional da República Eliana Torelly apresentou números do relatório final da Comissão Nacional da Verdade que apontam para 434 brasileiros não indígenas mortos durante a ditadura. Durante o mesmo período, o números de indígenas assassinados é de mais de 8.350. “Com base nesse relatório, concluímos que os indígenas foram as maiores vítimas do regime militar e o povo Krenak é a prova viva disso”, lembrou.

Para o subprocurador-geral da República Mario Bonsaglia, coordenador da Câmara do Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional (7ª CCR), a iniciativa deve ser amplamente divulgada para que outras produções sejam realizadas no âmbito do MPF e, assim, traduzam as vicissitudes sofridas por outras etnias.

Comments (2)

  1. Ao Povo Krenak,cuja luta atravessa mais de seculo para ter dignidade,soberania,respeito,nosssa solidariedade.

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