Caci e Xondaro, histórias sobre violências e resistência indígena

Plataforma Caci e livro de histórias em quadrinhos Xondaro foram apresentados durante debate sobre violência histórica contra os povos indígenas brasileiros

Por Christiane Gomes, Fundação Rosa Luxemburgo

A violência contra povos indígenas no Brasil é histórica – e segue em curso. O saque de terras e usurpação da cultura de diferentes povos está longe de ser algo apenas do passado; continua ocorrendo em um processo que é subnoticiado, marcado pela omissão do Estado e por assassinatos. Organizar, sistematizar e visibilizar informações é uma forma de trazer a público alguns dos episódios mais recentes de uma história de massacres que dizimaram os milhões que viviam na terra quando os primeiros exploradores europeus aportaram.

Foi com o objetivo de reunir informações de maneira clara e direta e, assim, chamar a atenção não só para as violações, mas também para as histórias de resistência dos povos indígenas, que a Fundação Rosa Luxemburgo (FRL), junto com parceiros, organizou dois lançamentos na noite da última terça-feira, 11 de outubro: o do projeto Caci – Cartografia de Ataques Contra Indígenas, primeira plataforma digital da FRL, e o da HQ Xondaro, primeira história em quadrinhos publicada pela organização. As novidades foram apresentadas durante uma roda de conversa que contou com a participação de Gustavo Faleiros, do InfoAmazonia, Marcelo Zelic, do Armazém Memória, e Tiago Santos Karai, liderança guarani mbya e um dos coordenadores da Comissão Guarani Yvyrupa.

A mediação ficou sob a responsabilidade de Alceu Castilho, do portal De Olho nos Ruralistas, e de Ana Rüsche, da Fundação Rosa Luxemburgo. O evento foi realizado no Ateliê do Gervásio em São Paulo e na plateia estiveram antropólogos, indigenistas e representantes de algumas das principais organizações que trabalham com a defesa de direitos dos povos originários do país.

Caci e Xondaro
O projeto Caci – Cartografia de Ataques contra Indígenas – foi organizado em parceria com Armazém Memória e InfoAmazonia. Trata-se de uma plataforma de dados abertos com o georeferenciamento de assassinatos registrados entre 1985 até 2015 pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e pelaCPT (Comissão Pastoral da Terra), organizações que disponibilizaram seus registros históricos.

Clique aqui para acessar diretamente a plataforma.

Imagem: Gustavo Faleiros, Tiago Santos Karai, Ana Rüsche, Alceu Castilho e Marcelo Zelic, durante debate em São Paulo

Comments (1)

  1. Que bom encontrar trabalho com essa qualidade. A obra que estou finalizando – Enciclopédia Amerínda, do Canadá à Argentina [mais de 10.000 verbetes] constam algumas dezenas de nomes de índios assassinados nos últimos 500 anos em contexto de opressão/luta em defesa do território e das nações geralmente acompanhados de notas de rodapé [já superam 400]. Não poderia deixar de mencionar essa plataforma digital em meu projeto. Enfim, vou inserir meia lauda com cerca de 15 nomes na Encilopédia Ameríndia citando à fonte.
    Parabéns ao coletivo Rosa Luxemburgo!

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