Operários são encontrados em situação análoga a trabalho escravo em MG

Trabalhadores do interior de Pernambuco que operam em uma obra em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, denunciaram ao MTE condições precárias de alojamentos onde vivem em Juatuba

Ailton do Vale – O Tempo

Em dois alojamentos em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram encontrados nesta terça-feira (22) pelo menos 19 trabalhadores em situação de trabalho análogo ao escravo. Os homens vieram do interior de Pernambuco, em agosto deste ano, para trabalhar na construção de um galpão, em Betim.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), auditores que compareceram ao local onde os operários estavam alojados relataram uma situação degradante, com superlotação, lixo espalhado pelos cômodos e camas improvidas pelos próprios funcionários.

“Nesses alojamentos tinham 19 trabalhadores, mas outros cinco já conseguiram voltar para as suas respectivas cidades de origem”, explicou Maria Dolores Brito Jardim, coordenadora do projeto de combate ao trabalho análogo ao escravo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-MG).

Os auditores foram até os alojamentos acompanhados de representantes da construtora R&R, que contratou os trabalhadores de forma terceirizada para a obra no galpão, de responsabilidade da Libercom Engenharia.

Segundo a coordenadora do SRTE-MG, as duas empresas já foram notificadas sobre as irregularidades encontradas e cinco trabalhadores, que tiveram o vínculo com a construtora encerrado na última sexta (18), foram encaminhados para um hotel em Betim. Os demais também devem seguir para outras acomodações nos próximos dias.

Agora, a equipe de auditores vai examinar todos os documentos das empresas para verificar se a contratação desses trabalhadores foi lícita. Em seguida, será elaborado um relatório destinado ao Ministério Público do Trabalho (MPT).

“Nosso trabalho costuma ser célere, no máximo até a próxima semana todos os procedimentos devem ser concluídos. Nosso objetivo é retirar esses trabalhadores dessa situação”, disse Maria Dolores. “Todas as infrações serão apuradas e cada irregularidade pode resultar em multas para os responsáveis. Como estamos analisando uma situação de trabalho análogo ao escravo, vamos encaminhar um relatório ao Ministério Público do Trabalho que fará uma ação civil pública para a imputação do crime”, ressaltou.

A reportagem de O Tempo procurou, por telefone, a R&R Construtora e a Libercon Engenharia na noite desta terça, mas as ligações não foram atendidas.

Descontos

Conforme os auditores do SRTE-MG, os trabalhadores disseram que foram feitos vários descontos indevidos em seus salários. Segundo os operários, eles seriam referentes às despesas dos alojamentos em Juatuba.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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