Representando a Via Campesina, a trabalhadora rural Salete Carollo disse que “se aprovada, a Reforma da Previdência trará consequências drásticas, principalmente, para os mais pobres, mulheres, idosos, jovens e trabalhadores rurais”
Do JusBrasil / MST
Com o auditório do Teatro Dante Barone lotado por mulheres e homens do campo e da cidade, ativistas de movimentos populares, juventude, feministas e sindicalistas dos mais diferentes segmentos profissionais, foi realizado nesta quarta-feira o seminário “O Impacto da reforma da Previdência na vida das mulheres trabalhadoras”. Iniciado com uma mística retratando as dificuldades , sofrimento e a constante luta feminina por sua emancipação, o evento fez parte do calendário de atividades organizadas pela Assembleia Legislativa para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres.
“Não recebemos vocês com flores, mas com o comprometimento de valorizar as mulheres e lutar contra a violência cotidiana, não só física, mas a institucional como é a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer”, disse o presidente do Parlamento gaúcho, deputado Edegar Pretto (PT), na abertura da sua fala.
Pretto enfatizou, ainda, que sua posição contrária à medida do governo federal era “por dever e compromisso político, mas também por aquelas e aqueles que lutaram antes nós na conquista dos direitos sociais, que não nos foram dados de favor, mas fruto de muita luta e organização da classe trabalhadora”. Para o chefe do Legislativo, as mudanças propostas na reforma configuram no maior crime cometido contra o povo. “Não nos acovardemos, vamos trazer mais e mais gente para a luta”, conclamou aos presentes.
Organizado conjuntamente entre a presidência da Assembleia, Via Campesina, Fetraf, e CUT, o ato contou ainda com a intervenções como a da desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-4) Beatriz Renck, para quem “as mulheres hoje não possuem privilégios no atual sistema, mas o reconhecimento das desigualdades” que lhe são impostas. “Se não igualar não podemos buscar a aposentadoria nas mesmas condições dos homens. Ser igual prevê, antes, a correção das desigualdades”, frisou.
Representando a Via Campesina, a trabalhadora rural Salete Carollo disse que “se aprovada, a Reforma da Previdência trará consequências drásticas, principalmente, para os mais pobres, mulheres, idosos, jovens e trabalhadores rurais, que vão ter que trabalhar dez anos a mais para poder se aposentar. “Isto significa, para muitos, morrer sem chegar à aposentadoria, já que a expectativa de vida do agricultor é menor que a dos demais brasileiros”, explicou.
O senador Paulo Paim (PT), que teve sua participação através de videoconferência, avaliou estar “convicto que, se o povo continuar e aumentar as mobilizações contrárias à medida que o Executivo federal buscar impor à sociedade, o governo terá de engolir este ato criminoso”.
Para a advogada Jane Berwanger, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, o que se está propondo “não é uma reforma, mas a destruição da Previdência social no país”. Para Berwanger, a proposta ignora as diferenças entre homens e mulheres no mundo do trabalho e se torna difícil saber quais os piores efeitos dentre tantos propostos pelo governo.
Segundo César Roxo Machado, presidente da Agafisp (Associação Gaúcha de Fiscais da Previdência), “sobre o déficit alegado pelo governo Temer, não existem dados que sustentem tal retórica” e que, apesar do princípio da pré-existência de custeio a extensões de benefícios ter sido desrespeitado ao longo de muitos anos, o sistema ainda é superavitário.
Também participaram da atividade integrantes do Levante Popular da Juventude, Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Marcha Mundial das Mulheres, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Liga Brasileira de Lésbicas, Coletivo Kizomba Lilás, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Fórum Gaúcho de Economia Solidária, deputados e deputadas estaduais. A deputada federal Maria do Rosário (PT), por conta de compromissos previamente agendados, enviou um vídeo saudando a luta daqueles que não aceitam a retirada de direitos pelo governo Temer.