Laerte Cerqueira – Jornal da Paraíba
Felizmente, a água do Rio São Francisco vai chegar ao açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão. Vai evitar que Campina Grande, a segunda maior cidade do Estado, entre em colapso no abastecimento.
O açude está com 3% da capacidade e técnicos, diariamente, observam se a água tem boa qualidade. O reservatório é fonte de abastecimento para mais 18 cidades, totalizando 700 mil habitantes.
Felizmente, a água vai chegar no seu destino para acabar com a pirotecnia política que se fez em torno dessa chegada. O oba-oba chega ao fim para que população, gestores, autoridades caiam na real.
Afinal, o racionamento nas cidades não acaba agora e será preciso muito planejamento para não vermos um bem tão precioso se perder por causa da nossa conhecida incompetência de gestão.
A população de Monteiro, por exemplo, continua com racionamento. Mesmo a água passando por lá. Fizeram tanta festa e esqueceram de avisar a população que o sofrimento não acabaria de imediato.
Na zona rural, agricultores passam sede a alguns metros do canal. O Ministério da Integração alega que a obra foi entregue e não tem nada a ver mais com isso. Cabe, segundo órgão, ao Estado e aos municípios providenciarem o sistemas de abastecimento. Paga ou não, os agricultores esperam por solução.
Leito do Rio PB
Aos trancos e barrancos, a preciosa água do São Francisco passa pelo leito do Rio Paraíba. O governo do Estado diz que fez a limpeza e desobstruiu tudo. Não foi o que vimos em quilômetros de caminhada.
Entulho, cercas, poços e amontoados de areia, queimadas foram obstáculos que a água encontrou. O São Francisco desceu rio Paraíba abaixo e está sendo maltratado pela “emenda” que foi feita para isso. Mas tudo bem, a prioridade é colocar água no Boqueirão, seja como for e, felizmente, isso vai acontecer.
Atenção. Não tem nada de pessimismo e gosto ruim. É apenas realismo.
Nossas autoridades terão que ser muito eficientes. Precisam proteger o rio PB, que está com suas margens devastadas e seu leito, em muitas partes, assoreado. Precisa cuidar dos açudes, que também não têm suas margens protegidas por mata nativa e ainda recebem esgotos. Cadê o plano de proteção ? Enfim, a pirotecnia vai acabar. Felizmente.