O Combate Racismo Ambiental e a greve geral

Tania Pacheco

Espero que este venha a ser um dia que fará parte da História deste País. De imediato, não vejo outro caminho pacífico para a reconquista de nossos destinos que esta parada que tudo indica será determinante, imediatamente seguida pela retomada das ruas e praças, Brasil afora.

Ao longo dos últimos nove meses, fizemos um aterrador percurso para o passado, abrindo mão de conquistas pelas quais muitas e muitos sacrificaram sonhos e vidas. Digo que abrimos mão na medida em que elas nos vêm sendo tiradas, uma a uma, ante a resistência de poucos. A maioria assiste a tudo passivamente, num embotamento que sabemos cuidadosamente construído.  E o que testemunhamos nestes dias é o parto de uma aberração. Ou melhor: de crescentes aberrações que deveriam assustar a qualquer pessoa comprometida com a justiça, com a democracia.

Faço parte uma geração que pensou 1988 como o ano de uma Constituição imperfeita, mas a partir da qual seria possível construir um País mais decente. Muito além dos meus 18 anos, pude votar e ser derrotada duas vezes, antes de poder cantar chorando um “sem medo de ser feliz” que me parecia o início do tempo tão sonhado. Não aconteceu.

Embora seja justo considerarmos que muitas mudanças positivas ocorreram, elas de certa forma foram consideradas menos conquistas do que ‘dádivas’, na medida em que o trabalho político que as deveria ter acompanhado foi trocado por gestos paternalistas. O governo petista fazia assim a sua parte para que chegássemos aos dias atuais: além de se omitir quanto às mudanças radicais necessárias -tanto as econômicas quanto as ligadas aos meios de comunicação, para ficarmos apenas nestes dois campos chaves-, colaborava de forma absurda para a alienação das suas próprias bases.

Sabemos que do atual Congresso e, com certeza, do que vier a substituí-lo em 2018, nada que preste poderemos esperar. Ao contrário. Sabemos, igualmente, que os próximos governos, não importa quais forças representem, estarão em princípio manietados pelos próximos 20 anos. Finalmente, sabemos que construímos também algumas aberrações no campo jurídico, do ‘Supremo’ a um ministério público a respeito do qual tínhamos tantas esperanças. Mas, apesar de todo esse cenário deprimente, é fundamental que não nos sintamos vencidas. Vencidos.

Como disse, espero que este 28 de abril de 2017 venha a ser um marco na retomada deste País. Em nome de todas as pessoas dignas, mas, principalmente, em nome daquelas e daqueles que de fato o constroem, com seu trabalho às vezes explorado, desprezado, ignorado por muitos, considerado ‘menor’ por outros, mas sempre essencial. Nos campos e nas cidades.

Este blog não vai parar hoje, porque sabemos que ele é um espaço, embora pequeno, através do qual informações que são dia após dia ocultadas ou manipuladas precisam vir a público. Estaremos aqui, pois, procurando na medida do possível socializar as informações mais importantes deste dia, especialmente sobre a greve. Este é o nosso compromisso com a coerência, com o nosso direito à luta. Vamos adiante.

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