Por Viviana santiago para o Palavra de Preta
Na ultima semana nos deparamos com a mais nova celeuma (racista) da internet: Uma professora renomada que escreve suas impressões sobre alunos negros cotistas.
Ao mencionar sua primeira visão de sala de aula menciona que vê ali presentes alunos e negros e em seguida num emocionado relato menciona que o aluno negro ali nem sequer sabia segurar um lápis, e na culminância da sua narrativa, o aluno negro lhe pede ajuda para superar a situação vivida.
Diante de tudo isso, eu faço uma pergunta sincera: Quando você lê essas informações você lembra de todas aquelas histórias de pobres pessoas negras, que não têm nada senão uma pessoa branca disposta a lhes ajudar e assim conseguir avançar um tiquinho na realização de seus sonhos?
Esses tipos de história, têm uma coisa e comum: São histórias racistas. E como reconhecemos o racismo presente nessas histórias
E mais uma vez diante de histórias racistas vivemos o desonesto movimento de uma sociedade racista que se recusa a se ver no espelho e decide inverter os papéis da história: diante das criticas que recebe de pessoas negras, reclama para si o lugar e vitima, acusa o povo negro de perseguição e ressuscita o mito do racismo reverso.
Diante desse cenário cansativo, seguem aqui algumas dicas para essaS pessoa que não- viu-nada-demais nessa história possa identificar o racismo e usar sua voz para enfrentá-lo ao invés de tentar arranjar sentido em coisas injustificáveis.
- Quando se explicita que havia negros e alunos, revela-se ai uma dificuldade em reconhecer pessoas negras num mesmo nível em que as pessoas brancas, por serem negros não são alunos? Revela-se ai um desconforto, uma dificuldade em perceber naquele espaço pessoas brancas e negras desde uma condição de igualdade, e isso, como vocês sabem, é racismo.
- Identificar que o aluno cotista nem sequer sabe segurar um lápis e não sabe o que é estudar: Todos os resultados de testes em todos os níveis de ensino relevam até agora que estudantes cotistas têm desempenho igual ou superior aos demais estudantes em todos os processos educacionais que acessaram em função de cotas, é no mínimo desonesto e revelador de uma mentalidade profundamente elitista mencionar o contrário, mencionar que alguém depois de todos os anos de ensino não sabe segurar um lápis? Para além desse fato temos a negação da possibilidade de enxergar as potencialidades apresentadas por esse sujeito, decide-se então entendê-lo em uma noção de precariedade desumanizante, afinal estão falando de pessoas negras, porque evidenciar o positivo? Todas as vezes em que se faz essa opção, as pessoas estão sendo racistas.
- A única personagem capaz de retirar a pessoa negra da sua situação de inferioridade não é a pessoa negra, e essa é uma das maiores expressões de racismo, quando não se consegue reconhecer a agência do povo negro, quando sempre se estabelecem narrativas ao melhor estilo greys anatomys ou xxx na qual as pessoas negras não são capazes de salvar a si mesmas, porque sistematicamente a abordagem racista se recusa a reconhece pois é, é exatamente disso que se trata, uma abordagem racista estabelece que a condição de inferioridade de uma pessoa negra não lhe possibilita liderar sua própria libertação, é sempre o outro e não o povo negro o responsável por guiar seus passos.
Tem mais coisas nessa história, mas a maior lição que vejo é essa: a persistente resistência em se reconhecer o racismo. A população negra brasileira enfrenta profundas violações de direito, um eficiente sistema que barra seu acesso a melhores oportunidades, um epistemicídio que apaga sua contribuição passada e presente à história e ainda assim o racismo não está na agenda do dia nem do governo nem da maioria dos movimentos sociais.
Analisar esse caso nos traz é um exercício dos mais cansativos, acima tem algumas pequenas possibilidades interpretativas, tem outros elementos nessa história e em seu desenrolar que podem ser destacados, mas fiquemos com isso: Racismo não é mal entendido, não é brincadeira e nem é “boa intenção” e somente quando ele é reconhecido e nomeado ele pode ser enfrentado. Enfrente!
RETIFICACÃO – Faltou o link acima: 1- MAPA DA VIOLÊNCIA 2014: http://mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_AtualizacaoHomicidios.pdf
PÁGINA 119: “É importante esclarecer que a categoria negro utilizada neste relatório, resulta do somatório das categorias preto e pardo empregadas pelo IBGE.”
– PÁG. 27: Estrutura da mortalidade: número e taxas de óbito (por 100 mil) segundo a causa, na população total – Brasil.
– HOMICÍDIOS: 52.198
– PÁG. 120: Homicídios, taxas (por 100 mil) e vitimização segundo raça e/ou cor na população total – Brasil.
– PARDA: 33.150
– BRANCA: 14.435
– PRETA: 4.398
Essa informacão está ERRADA: A maioria da populacão brasileira é de brancos e PARDOS, somos miscigenados e assim podemos ser classificados como negros, brancos ou índios(o mameluco é mistura de branco com índio e está sendo incluído nessa conta picareta sem ter nada de negro!!!). Negros são 8,6% da populacão.
IBGE: POPULAÇÃO BRASILEIRA É BASICAMENTE DE BRANCOS E PARDOS
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/205090/IBGE-popula%C3%A7%C3%A3o-brasileira-%C3%A9-basicamente-de-brancos-e-pardos.htm
Escolher arbitrariamente classificar-nos todos pardos e pretos como negros é uma fabricacão leviana de dados para adequar os números à agenda vil do politicamente correto para dar-lhe respaldo.
MAIS PARDOS E BRANCOS SÃO ASSASSINADOS OU CRIMINOSOS PRESOS:
A COR DOS HOMICÍDIOS NO BRASIL – PÁGINA 8
*** A SAFADEZA –>> “Por último, resulta necessário esclarecer que a categoria Negro utilizada neste relatório resulta do somatório das categorias Preto e Pardo utilizadas pelo IBGE.”
– PÁG. 120:
Homicídios, taxas (por 100 mil) e vitimização segundo raça e/ou cor na população total – Brasil.
– PARDA: 33.150
– BRANCA: 14.435
– PRETA: 4.398
2- POPULACÃO CARCERÁREA:
https://infogr.am/populacao-carceraria-brasileira-1990-2012
43,7% DE PARDOS
35,7% DE BRANCOS
17% DE NEGROS