Defensoria Pública de SP ajuíza ação para implementação de educação diferenciada na comunidade quilombola de Bombas, no Vale do Ribeira

Uma nota importante: a Ação proposta por Andrew Toshio Hayama é exemplar, como todas as que ele vem apresentando na defesa dos direitos das comunidades tradicionais do Vale do Ribeira, muitas das quais noticiadas detalhadamente neste blog. É possível lê-la na íntegra aqui. (Tania Pacheco). 

Na DPESP

A Defensoria Pública de SP no Vale do Ribeira ajuizou, em 25/8, uma ação civil pública em face do Estado de São Paulo, em favor da comunidade quilombola de Bombas, no município de Iporanga (360 km da Capital), com o objetivo de que o poder público preste serviço educacional gratuito e diferenciado, na própria comunidade.

A educação diferenciada é uma modalidade voltada a comunidades tradicionais, para que a elas sejam asseguradas condições de igualdade, respeito e adequação às particularidades que caracterizam cada grupo. Para o Defensor Público Andrew Toshio Hayama, que assina a ação, a educação diferenciada “deve garantir que as coletividades assumam paulatinamente a responsabilidade pela construção e gestão do planejamento educacional, primando por um ensino adequado às peculiaridades destas comunidades”.

Segundo o Defensor, a comunidade quilombola de Bombas nunca recebeu serviço educacional de forma completa. “Apenas os anos iniciais do ensino fundamental são prestados pelo poder público. Os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio nunca foram executados”.

O Defensor Público aponta, ainda, que a educação escolar diferenciada quilombola já foi regulamentada pelo Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução nº 8, de 2 de novembro de 2012, que prevê a construção de escolas públicas em territórios quilombolas, presença preferencial de professores e gestores quilombolas, elaboração de projeto pedagógico que incorpore questões e valores da comunidade, participação de estudantes, pais, mães e lideranças comunitárias na gestão escolar, etc.

Segundo dados da Unicef apresentados na ação, as populações quilombolas estão entre os grupos mais atingidos pela exclusão escolar, tendo em vista que a maior parte se situa em áreas rurais.

Por essas razões, o Defensor pede que o Poder Público realize um levantamento de estudantes e interessados no serviço educacional obrigatório e na educação de jovens e adultos, e que apresente planejamento e cronograma para o oferecimento deste serviço, para posterior implementação

Alternativa

Na ação, o Defensor Público reconhece os desafios para a prestação de serviço público educacional naquela comunidade quilombola, dado o seu isolamento (leia mais aqui). Dessa forma, apontou como solução alternativa o sistema modular de ensino, já utilizado em alguns lugares da Região Norte. De acordo com a Secretaria Executiva de Educação (Seduc), tal sistema configura-se como uma estratégia para levar os ensinos fundamental e médio para as localidades de acesso difícil ou com dificuldades estruturais por conta da localização.

Andrew Toshio diz, ainda, que esse sistema também já foi regulamentado em alguns Estados brasileiros, como Pará e Amapá. “Tudo indica que este é o modelo que mais se aproxima das necessidades atuais da comunidade quilombola de Bombas. Informada sobre seu funcionamento e estrutura, a comunidade, devidamente consultada, está de acordo com sua implementação”, afirmou o Defensor.

Sobre a atuação de Andrew Toshio na defesa da Comunidade de Bombas, veja também:

Em defesa do Quilombo de Bombas e em homenagem a um Defensor Público que dignifica a tod@s nós

Decisão liminar em ação da Defensoria Pública de SP reconhece necessidade de construção de estrada entre comunidade quilombola de Bombas e cidade de Iporanga

TJSP mantém decisão obtida pela Defensoria Pública que reconhece necessidade de construção de acesso a comunidade quilombola de Bombas, no Vale do Ribeira

Trilha que leva à comunidade de Bombas. Foto: Felipe Leal

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