Luislinda Valois é desembargadora aposentada e ganha o teto salarial permitido pela Constituição, de R$ 33,7 mil
Por Estadão, no GaúchaZH
Após a polêmica envolvendo seu salário, a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (13) que é “preta, pobre e da periferia”. A declaração foi feita em discurso, ao lado do presidente Michel Temer, na cerimônia de lançamento do Programa Emergencial de Ações Sociais para o Estado do Rio de Janeiro e Municípios.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento Social, o programa emergencial terá investimento total de R$ 157 milhões no Rio, com ações nas áreas de Justiça, educação, esporte e direitos humanos. Projetos de vários ministérios estão envolvidos, incluindo a pasta de Luislinda.
— Vamos aumentar esses números (de beneficiários de programas sociais) para o Rio de Janeiro e para o Brasil todo também. Sou preta, pobre e da periferia e sei o que é viver longe dos grandes centros — afirmou Luislinda, completando que o programa emergencial é baseado em “compromissos reais”.
A polêmica em torno do salário da ministra veio à tona após o jornal O Estado de S. Paulo revelar a insatisfação de Luislinda com o valor de seu contracheque. Conforme a reportagem, ela protocolou um pedido ao governo no qual fazia alusão a “trabalho escravo” por não receber R$ 61 mil, valor que seria a soma de sua remuneração como ministra com a aposentadoria como desembargadora.
Se o pleito fosse atendido, ela receberia além do teto constitucional, que é de R$ 33,7 mil, violando a legislação. Após a repercussão do caso, ela desistiu de pedir aumento salarial.
À época, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, a ministra disse que tinha “o direito de peticionar” um salário maior. Ela afirmou que tem contas a pagar e que queria “ter uma vida um pouco mais digna” e “um salário mais justo” pela função.
— Como vou comer, beber e calçar? Só no meu IPTU em Brasília pago mais de R$ 1 mil. E tenho meu apartamento em Salvador, que pago uma pessoa para cuidar. Sou aposentada, poderia me vestir de qualquer jeito e sair de chinelo na rua, mas, como ministra de Estado, não me permito andar dessa forma. Tenho o direito de peticionar, a autoridade vai decidir e eu vou acolher (a decisão). É algum pecado fazer analogia (à escravidão)? Não acho que errei — disse à Rádio Gaúcha.
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Foto: André Dusek/Estadão.
Enviado para Combate Racismo Ambiental por Amyra El Khalili.