Na Amazônia, Bolsonaro defende que índios possam vender a própria terra

Do Estadão Conteúdo, na Gazeta do Povo

O pré-candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, defendeu a exploração econômica de terras indígenas e a criação de campos de refugiados para venezuelanos, em visita com tom de campanha eleitoral a Boa Vista, capital de Roraima, nesta quinta-feira (12). Os temas enfatizados no discurso do presidenciável são sensíveis e polêmicos no estado – por isso foram escolhidos.

Roraima tem sido pressionada pela migração massiva de venezuelanos, que fogem da crise em seu país. Eles já somam 40 mil pessoas na capital, que tinha originalmente cerca de 300 mil habitantes e tem tido problemas com a demanda maior nos serviços públicos, além de agravamento de problemas sociais.

Também em Roraima, fica a reserva indígena Raposa Serra do Sol, cuja criação resultou na expulsão de centenas de agricultores que tinham invadido o território destinado aos índios. O pré-candidato fez ainda críticas ao PT e exaltou o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro.

Bolsonaro abordou os temas em discurso para cerca de 300 pessoas, depois de uma carreata acompanhado de dois pré-candidatos locais do PSL: o empresário do agronegócio Antonio Denarium, a governador, e o pastor Isamar Ramalho, a senador.

Do alto de um carro de som ocupado, em sua maioria, por candidatos e empresários, Bolsonaro também defendeu a exploração de terras indígenas e foi aplaudido. Ele chamou as reservas – terras das União destinadas aos índios – de “política separatista”.

“Por que, no Brasil, o nosso índio tem que ficar confinado num pedaço de terra? Aquele pedaço de terra é dele? É. Alguém quer tomar? Não. Mas ele tem que ter o direito de explorar a sua terra, até mesmo se quiser vender uma parte dela, que o faça, para o seu bem, para o bem se sua geração. Não podemos aceitar essa política separatista entre nós”, disse.

Bolsonaro também sugeriu que índio possa a receber royalties sobre a extração de minérios nas reservas e criticou a atuação de ONGS estrangeiras na questão indigenista no Brasil. “Aqui, nosso índio tem que viver escondido num pedaço de terra, como se fosse um algo da natureza, como se fizesse de um zoológico, como muitas ONGS querem que isso aconteça”, declarou.

O presidenciável voltou a dizer que fundiria os ministérios do Meio Ambiente e Agricultura e criticou a demora de licenças emitidas pelo Ibama. “Vamos supor que eu seja presidente e queira fazer uma hidrelétrica no Rio Contigo (localizado no norte de Roraima). O rio cruza a terra indígena, banha, e daí? Mesmo pedindo autorização para o Congresso, como acham que um País de Primeiro Mundo se comportaria no tocante a isso? Pelo que eu sei, no Rio Contigo caberiam três hidrelétricas”, afirmou.

Campo de refugiados

Após dizer pelo menos três vezes que o futuro presidente do Brasil deveria ser “patriota e temente a Deus”, Bolsonaro defendeu, como uma “coisa normal”, a criação dos campos de refugiados para os venezuelanos na cidade. Foi aplaudido pelos presentes.

“Campo de refugiados é uma coisa normal e legal que acontece em qualquer país do mundo. Nós temos que ter um presidente que pense nesse momento. Os venezuelanos são nossos irmãos que estão fugindo da fome e da ditadura defendida pelo PT. Tem tido problema para nós, sim, mas parte do Governo Federal a busca pela solução”, afirmou.

Bolsonaro disse que “ninguém quer dar o cartão vermelho e botar os venezuelanos no caminhão e mandar voltar”. Mas afirmou que eles não podem ficar da maneira como estão “causando transtornos na cidade dos mais variados possíveis”, declarou.

“O governo tem que dar a solução. Não é fazer o que o (presidente Michel) Temer fez, dar um passeio, um rolezinho aqui. Ele pagou missão para o Exército como sempre, como pagou no Rio de Janeiro e não nos deu os meios”, disse.

O pré-candidato também criticou a Lei de Imigração. “Estamos num país sem fronteira, como o que vocês estão vendo com a Venezuela. Não estou dizendo que queremos, mas não temos como mandar ninguém embora com essa lei”, afirmou.

Foto: Fábio Nascimento /Mobilização Nacional Indígena

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