Nota do PSOL sobre a arbitrariedade policial sofrida pela vereadora Talíria Petrone

A Executiva Estadual do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) do Rio de Janeiro vem a público manifestar seu protesto e alerta, além de exigir providências às autoridades, diante do grave episódio de arbitrariedade policial e ameaça de direitos básicos vivido em 16/8, primeiro dia da campanha eleitoral de 2018, por Talíria Petrone, vereadora de Niterói e candidata a deputada federal pela coligação “O Rio tem jeito”.

Em companhia de quatro militantes de sua campanha, todas mulheres e em sua maioria negras, Talíria se dirigia para o Rio, dentro de uma barca, quando, ao tentar fazer uma “selfie” junto com as companheiras, foi interrompida de forma violenta e abusiva por um policial militar – sob o falso pretexto de que estariam “fazendo campanha no transporte público”, talvez porque estivessem efetivamente carregando o material com o qual participariam de atividades de propaganda, a partir da Praça XV.

O policial, nitidamente descontrolado, sacou de uma arma em plena barca, apreendeu a cédula de identidade de Talíria, as carteiras profissionais de um assessor do Ministério Público e de um jornalista, a OAB de uma advogada, e deu voz de prisão a duas pessoas que se insurgiram contra o abuso. Ao ouvir da vereadora que tivesse cuidado, que abaixasse a arma, que aquilo não era necessário porque “arma mata”, respondeu: “Ideologia também mata”. Você pode ver parte do episódio na barca Niterói-Rio clicando aqui.

O policial ganhou a companhia de outros PMs e o grupo conduziu as cinco pessoas à 4ª Delegacia de Polícia na capital, onde Talíria e os demais detidos esperaram sete (7) horas pela devolução de seus documentos de identificação.

O acontecimento é grave não somente por revelar mais uma vez o já conhecido despreparo de parte importante dos componentes das forças de segurança do estado. É grave também porque é simbólico dos tempos de erosão das liberdades democráticas básicas em que vivemos – tempos em que, incentivados por figurões que defendem abertamente a tortura, torturadores e a ditadura, pequenas “autoridades” se julgam no direito de impedir o ir e vir, o amar, o reunir-se, e a atividade política daqueles ou daquelas com as quais discordam.

O que ocorreu com Talíria e demais militantes ontem, nas barcas, não pode se repetir! É dever das autoridades políticas e de segurança do estado e dos municípios manter suas tropas policiais e/ou suas guardas no estrito cumprimento da Constituição Federal e da legislação eleitoral vigente. Cabe a Pezão e ao senhor secretário de segurança buscar, junto à PM, realocação (fora das ruas), tratamento e reabilitação humanitária para o policial que protagonizou o episódio de ontem, bem como para seus colegas. Cabe ao governador e seu gabinete convencer a suas tropas que, apesar da intervenção federal, a Constituição continua vigente no estado do Rio de Janeiro e que não podem atropelar as liberdades alheias inventando regras a seu gosto.

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