No Extremo Sul da Bahia, Sem Terra recebem a imissão de posse

Ao todo, 100 famílias foram beneficiadas

Por Izelia Santos, da Página do MST

De 21 a 24 de fevereiro, 100 famílias Sem Terra do assentamento agroecológico Gildásio Salles Ribeiro, em Santa Cruz de Cabrália, e do assentamento Adão Preto, em Itabela, reuniram-se para os festejos de comemoração de imissão de posse. 

Os assentamentos foram desenvolvidos dentro de uma perspectiva sustentável, biodiversa e agroflorestal. O projeto foi feito em parceria com o governo estadual e a Escola Agricultura Luíz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP).

“Em tempo de luta e resistência, essa é a concretização de um sonho que começou com uma ocupação. Isso é o que nos dá ânimo para continuar lutando por melhores condições de vida e por um sociedade mais justa e igualitária”, afirma a agricultora Maria d’ Ajuda.

Já para Paulo César da direção estadual do MST, a conquista do lote é o primeiro passo para garantir a produção de alimentos saudáveis e melhores condições de vida.

O Movimento conquistou 30 mil dos 1000 milhões de hectares que hoje estão nas mãos das multinacionais de celulose na Bahia. Estamos em um território dominado pela monocultura de eucalipto. Isso se torna um grande obstáculo para realização do projeto de Reforma Agrária Popular, pois existe uma concentração grande de terra nas mãos do agronegócio. Existe muita terra improdutiva que precisa estar nas mãos de quem de fato pode torná-las fértil, diz.

Assentamento Gildásio Salles Ribeiro

Cerca de 1000 mil famílias Sem Terra ocuparam na madrugada do dia 4 de dezembro de 2008, a fazenda São João, localizada na BR-367, em Santa Cruz Cabrália.

O nome do assentamento é uma homenagem ao companheiro, agricultor e artista da Reforma Agrária, Gildásio Salles Ribeiro que nos deixou aos 60 anos de idade.

Adão Preto

Era 8 de fevereiro de 2009, quando a Fazenda Amarelina, no distrito de Montinho, em Itabela, foi ocupada. Foi um longo processo de luta e resistência até que em 30 de julho de 2015, através de uma negociação do MST com a VERACEL Celulose  S/A a fazenda foi destinada para a fins de Reforma Agraria.

O tempo passou e depois de  quatro anos de luta e resistência contando com o auxílio da equipe técnica em agroecologia, os Sem Terra começaram a produzir alimentos orgânicos. O nome do assentamento é uma homenagem ao primeiro Sem Terra a ser tornar deputado federal.

Resistência

Enquanto as famílias conquistaram o sonho de ter um pedaço de terra para produzir alimentos saudáveis, tendo a agroecologia como pilar, seremos resistência. Existe a previsão de que até o final do ano, mais oito áreas se tornarão assentamentos agroecológicos.

Atualmente no estado existem entorno de 25 mil famílias acampadas em dez regiões, a maioria no extremo sul da Bahia. A destinação de novas terras para Reforma Agrária é parte da constante da pressão, da resistência e das lutas feitas pelo Movimento Sem Terra.

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