Fala de Onyx sobre Pinochet aumenta resistência a Bolsonaro no Chile, com protestos dos Presidentes da Câmara e do Senado

Ministro disse que houve “banho de sangue”, mas bases econômicas foram fixadas. Parlamentares querem presidente “persona não grata” no país

Por Cristina Serra, enviada especial do Metrópoles

Aumentaram os protestos de parlamentares chilenos contra a visita do presidente da República brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), ao país. Agora, as mobilizações são reforçadas por uma declaração do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Em entrevista à rádio BandNews FM, Onyx justificou a ditadura chilena, comandada pelo general Augusto Pinochet entre 1973 e 1990.

“O Chile teve que dar um banho de sangue. O sangue lavou as ruas do Chile, mas as base macroeconômicas fixadas por aquele governo passaram oito governos de esquerda e nenhum mudou as bases macroeconômicas colocadas no Chile por Pinochet”, disse o ministro da Casa Civil brasileiro.

O presidente do Senado chileno, Jaime Quintana, afirmou: “Isso é uma ofensa não só à oposição chilena e às vítimas da ditadura, mas ao país inteiro”. Ele já havia dito considerar Bolsonaro “um perigo para a democracia regional” e, por isso, declinou do convite para almoço oferecido no sábado (23) pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, em homenagem ao colega brasileiro.

Reação semelhante teve o presidente da Câmara dos Deputados do Chile, Iván Flores, depois da frase de Onyx Lorenzoni: ele também vai boicotar o almoço a Bolsonaro e declarou publicamente seu repúdio à fala do ministro brasileiro. “É uma afronta a todos que perderam parentes e aos que sofreram violações de direitos humanos. É um desatino”, disse Flores.

Outros parlamentares de esquerda e centro esquerda se manifestaram contra a presença do presidente no país. Um grupo de deputados apresentou um projeto de resolução para que ele seja declarado “persona non grata” no Chile. A deputada Carmen Hertz disse que “ir a um almoço com Bolsonaro seria como assistir a um almoço com Hitler em 1936”.

Ao criticar o “dresscode” do jantar, um jornal chileno publicou a foto do presidente da República com um uniforme nazista (veja abaixo):

A Juventude Comunista e organizações de defesa dos direitos humanos convocaram um protesto para esta sexta-feira (22/3) à tarde, nas ruas próximas à reunião de cúpula de chefes de Estado da América do Sul, que ocorrerá no histórico Palácio de La Moneda, em Santiago. Sede do governo chileno, o prédio histórico foi bombardeado durante o golpe de estado comandado por Pinochet. O então presidente Salvador Allende morreu dentro do palácio.

ProSul


A discussão sobre a ditadura chilena acontece no momento em que Sebastián Piñera articula um novo bloco regional, chamado até o momento de ProSul, e que substituiria a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), órgão criado há quase 10 anos por inspiração de dois antigos dirigentes de esquerda no continente, os ex-presidentes do Brasil Luiz Inácio Lula do Silva e da Venezuela Hugo Chávez.

O atual chefe do Executivo federal brasileiro disse que “a Unasul já morreu, só faltou enterrarem”. Seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, afirmou que o ProSul será um “alinhamento da América do Sul à direita”. O parlamentar acompanhou o pai aos Estados Unidos e também integra a comitiva brasileira em Santiago.

Veja imagens do presidente Bolsonaro no Chile:

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