Jogos interculturais Tefé fortalecendo a cultura indígena na região

Por Lígia Apel*

Durante a Semana dos Povos Indígenas 2019 foram realizados os Jogos Interculturais, uma atividade de fortalecimento da cultura indígena. Para Raimundo Freitas, coordenador do CIMI de Tefé, essa manifestação cultural que reúne diferentes etnias “mantém os povos firmes na luta e na resistência pela garantia de seus direitos históricos e constitucionais, principalmente ao direito humano à vida, eles resistem aos ataques a sua existência por parte do atual governo”.

Em Tefé (AM), na aldeia Barreira da Missão de Baixo, os Jogos Interculturais Indígenas se realizaram nos dias 17 e 18 de abril com a presença dos povos Kambeba, Kokama, Ticuna, Kaixana, Kanamari e Apurinã; de 21 Aldeia do município de Tefé. Apresentações culturais e as modalidades de arco e flecha, futebol masculino e feminino, arremesso de ouriço de castanha, arremesso de lança, corrida com tora, cabo de guerra e subida no açaizeiro promoveram a integração dos participantes.

Mesmo com a alegria correndo solta, na abertura do evento houve momentos de muita preocupação com a conjuntura das políticas nacionais indigenistas. E até momentos que emocionaram, como o canto do Hino Nacional na língua Kambeba. “Um momento que mostra a força da cultura dos povos indígenas brasileiros”, disse, André Cruz Kambeba, coordenador da União dos Povos Indígenas do Médio Rio Solimões e Afluente (UNIP-MRSA).

André conclama a todos para unir e fortalecer a luta indígena, dizendo que “esse nosso encontro é muito importante para o fortalecimento cultural dos povos, mas é necessário destacar que o momento que passamos na história indígena no Brasil está complicado e é de muito sofrimento. Enfrentamos muitos desafios no passado para garantir nossos direitos a nossos territórios demarcados e protegidos. Não temos todos garantidos ainda. E nossos direitos civis e sociais também estão ameaçados. Necessitamos unificar as forças para continuar lutando e resistindo para manter nossos direitos assegurados. Desde sempre, resistimos a coisas ruins em nossas vidas, mas vamos mais uma vez resistir e continuar sobrevivendo e lutando por dias melhores”.

Valtonino Kambeba, da aldeia Boarazinho e coordenador de Assuntos Indígenas do município de Tefé, também conclama os ‘parentes’ para a luta: “o momento atual do Brasil é desfavorável para nós, indígenas. O atual governo federal quer, a todo custo, desconstruir nossos direitos. Mas resistimos até hoje e vamos continuar resistindo e existindo. Não podemos esmorecer! Temos que permanecer unidos, pois só assim seremos fortes e resistiremos em mais essa jornada”.

A Semana dos Povos Indígenas é uma das atividades previstas no projeto “Garantindo a defesa de direitos e a cidadania dos povos indígenas do médio rio Solimões e afluentes”, realizado pela Cáritas da Prelazia de Tefé e Conselho Indigenista Missionário (CIMI-Tefé), e financiado pela União Europeia e CAFOD, Agência Católica para o Desenvolvimento Internacional.

Esse ano, os jogos interculturais indígenas foram realizados com a união de importantes parceiros: Prefeitura de Tefé, através da Secretaria Municipal de Educação e as Coordenações de Educação Física e de Educação Escolar Indígena, gestores e professores das escolas indígenas, CIMI, tuxauas das comunidades presentes e comunitários em geral. Esse ‘ajuri’ de pessoas, organizações sociais e poder público na realização da Semana dos Povos Indígenas é a consolidação de uma Rede de Proteção aos Direitos Indígenas.

*com informações de Raimundo Freitas e Francisca Cardoso.

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