Morre Tia Maria do Jongo, aos 98 anos

Jongueira mais antiga da Serrinha, em Madureira, foi uma das maiores responsáveis por manter viva a tradição do ritmo africano no Brasil

Em O Globo

Morreu, na manhã deste sábado, Tia Maria do Jongo, uma das maiores responsáveis por manter viva a tradição do ritmo africano no Brasil. Ainda cedo, Tia Maria foi à Casa do Jongo, na Serrinha, em Madureira, assistir a aula de jongo para adultos. Lá, ela pediu para tocar um instrumento, mas sentiu-se mal, desmaiou e foi levada a um Posto de Saúde em Irajá, onde não resistiu. A causa da morte ainda não foi revelada. Ela era a última fundadora do Império Serrano ainda viva. Viúva, ela deixa um filho, Ivo Mendes. 

Na última terça-feira, dia 14, Tia Maria recebeu o Prêmio Sim à Igualdade Racial 2019, do Instituto Identidades do Brasil, na categoria Arte em Movimento, em cerimônia no Copacabana Palace.

Maria de Lourdes Mendes, a Tia Maria do Jongo era uma das figuras mais famosas do Morro da Serrinha, em Madureira. Ela foi uma das principais responsáveis por manter vivos e transmitir às novas gerações os ensinamentos do ritmo trazido à cidade no século XIX por escravos bantos e que teve influência na criação do samba.

Filha e neta de escravos, que vieram de Minas Gerais para a favela da Zona Norte carioca, ela cresceu em meio às festas que o pai dava. Quando criança, não podia participar das rodas, já que, por tradição, o jongo deve ser dançado apenas por idosos. Ao ver que, por causa dessa restrição, a batucada corria o risco de desaparecer, uma vizinha, Vovó Maria Joana (1902-1986), incumbiu o filho, Mestre Darcy do Jongo (1932-2001), de mantê-la viva. Ele chamou outras jongueiras e surgiu, então, o Jongo da Serrinha.

Tia Maria do Jongo (da Serrinha) Foto: Jongo da Serrinha

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