Nota da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife

“A esperança tem duas filhas lindas,a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão, a coragem, a mudá-las”. (Santo Agostinho)

Estamos vivendo tempos sombrios. A justiça e a paz, que tem na justiça sua base verdadeira e duradoura, estão sendo diuturnamente atacadas.

A escalada de destruição de direitos dos cidadãos , o incentivo, pela ação ou omissão, ao desmatamento da Amazônia, à invasão das terras indígenas, à entrega do nosso patrimônio mineral, são sinais diários de violência.

Não bastassem esses sinais, vemos entre outros e sem reação, a valorização do crime pela não apuração das ações das milícias, o desinteresse em apurar e punir crimes políticos, e a tentativa de criminalização de organizações não governamentais.

Mais ainda, o ódio, a ironia, o desprezo e o pejorativo sendo usados sem limites, como plataformas de comunicação.

Nesta última semana, todas essas sombras que nos envergonham como nação civilizada, estiveram presentes na invasão da aldeia Waiãpi por garimpeiros e no irracional ataque à memória de Fernando Santa Cruz, feito pelo presidente Jair Bolsonaro.

Neste último, é impossível não explicitar nossa indignação pela forma desleal, desumana e sem base na realidade, do pronunciamento do presidente.

Sim, sem base na realidade, porque na mesma semana o Estado brasileiro declarou que Fernando Santa Cruz “faleceu em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.( Secretaria Nacional de Proteção Global, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos, em 24 de julho de 2019).

No meio de tanta escuridão temos que ter forças para anunciar a esperança.

Por isso, a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife conclama a todos e todas a vivenciarem a esperança como definida por Santo Agostinho, mãe da indignação que nos impele a não aceitar as coisas como estão, e da coragem para mudá-las, usando todos os instrumentos democráticos para eliminar privilégios e garantir os direitos civis, sociais, econômicos e ambientais, que nos estão sendo usurpados, e que são indispensáveis para a construção de uma sociedade inclusiva e justa.

“No meio da escuridão, em pleno voo cego, sem enxergar um palmo diante dos olhos, mesmo aí, mesmo assim, filhos da Redenção, cidadãos da Eternidade, temos que manter viva a esperança. 
Faz escuro, mas eu canto….”(Dom Helder Câmara)

Antonio Carlos Maranhão de Aguiar
Coordenador da CJP-AOR

Fotomontagem Arquivo Nacional/Divulgação OAB

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Emilia Wien.

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