Repórteres Sem Fronteiras condena onda de ameaças a Greenwald, do ‘The Intercept’

Ao todo, 26 entidades nacionais e internacionais prestaram solidariedade à redação de ‘The Intercept Brasil’, que sofre ameaças por publicar informações sobre a Lava Jato

No El País de Madri

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização que defende a liberdade de imprensa, meios de comunicação, e várias personalidades condenaram a onda de agressões e ameaças contra a redação do The Intercept Brasil, o jornal online que publica artigos de investigação e tem vazado informações sobre a Operação Lava Jato que constrangem o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ao todo, segundo levantamento do Portal Imprensa, 26 entidades nacionais e internacionais já prestaram apoio à redação do jornal online.

As ameaças começaram em 9 de junho, quando The Intercept Brasil, dirigido por Glenn Greenwald — ganhador do Prêmio Pulitzer —, publicou a primeira de uma série de reportagens nas quais revelou irregularidades na investigação judicial que desvendou uma grande trama de corrupção em que estavam envolvidos empresários e políticos.

Para publicar essas informações — com base em mensagens obtidas de fonte anônima que, nos últimos dias, se apresentou como um hacker que morava em Araraquara (SP) [sic] —, The Intercept Brazil estabeleceu uma colaboração com diversos meios de comunicação brasileiros, incluindo o jornal Folha de S.Paulo e a revista Veja.

Desde que as informações foram publicadas, membros do The Intercept Brasil, e em particular Greenwald, têm sido alvo de insultos, ameaças de morte e calúnias, com base em notícias falsas divulgadas nas redes sociais a fim de desacreditar seu trabalho.

A Federação de Associações de Jornalistas da Espanha (FAPE) se uniu nesta quarta-feira à condenação pela “perseguição” contra Greenwald, que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro sugeriu que ele pudesse vir a ser preso por causa das informações vazadas. Bolsonaro sugeriu na segunda-feira que Greenwald tinha pago para receber as mensagens que publicou, e que põem em xeque a imparcialidade judicial na Operação Lava Jato, que levou à cadeia, entre outros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ameaças de morte

Em um comunicado, a FAPE afirma que sua condenação se soma à da Federação Internacional de Jornalistas (FIP) e sua afiliada brasileira, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Segundo as publicações do Intercept Brasil, Moro aconselhou os promotores e lhes deu informações estratégicas quando era juiz do caso Lava Jato, para ajudar a prender o ex-presidente brasileiro.

Greenwald denunciou ter recebido ameaças de morte que incluíam referências claras a seus guarda-costas, sua casa, as atividades de seus filhos e sua vida privada.

 O jornalista Glenn Greenwald, na ABI, Rio de Janeiro. Foto: Ricardo Borges, AP

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