Presidente do TJ-RJ questiona autenticidade de cartas de crianças e moradores da Maré

Extra

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Cláudio de Mello Tavares, questionou a autenticidade das cartas feitas por crianças e moradores do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. Na segunda-feira, 1.500 relatos, escritos ou em desenhos, foram entregues ao TJ pedindo por menos violência nas comunidades e a volta da Ação Civil Pública (ACP) que regulamentava as operações policiais no local.

O questionamento de Tavares foi feito após reativação da liminar que impõe regras para a polícia agir em operações na Maré, na última quarta-feira. Em entrevista ao G1, o presidente do TJ disse que é preciso investigar se há “algo por trás” das cartas.

“O juiz da causa tem que analisar se aquelas cartas realmente foram feitas pelas crianças, se não foram encomendadas, se não há algo por trás disso, se realmente é a sociedade da Maré que está clamando para que isso pare, para que essa violência pare”, afirmou.

O governador do Rio, Wilson Witzel, também questionou a manifestação após a volta da liminar, da qual afirmou que vai recorrer. Ainda na quarta-feira, o governador disse que o Complexo da Maré é uma espécie de entreposto e que desmascará manifestações manipuladas por traficantes.

— Dali partem ordens, orientações, para tentar intimidar o poder público. Vamos desmascarar todas essas manifestações, que são manipuladas, porque a Maré, na verdade, quer ser uma área de livre comércio da droga e isso nós não vamos permitir — afirmou Witzel.

A ONG Redes da Maré respondeu ao questionamento de ambos sobre a veracidade das cartas. Em nota, a organização respondeu que a mobilização é “fruto da luta por direitos e reconhecimento da importância de cerca de 140 mil vidas que moram no conjunto de 16 favelas”.

A ONG ressaltou o caráter espontâneo das cartas e frisou que a atuação das Redes da Maré é feito há mais de 20 anos no complexo de comunidade.

Esse trabalho foi feito a partir da mobilização das muitas parcerias que a Redes da Maré já estabeleceu ao longo de mais de 20 anos de trabalho no território. Foram muitos adultos, jovens, crianças, homens e mulheres que de maneira espontânea participaram dessa ação.

Desembargador Cláudio de Mello Tavares abraça o governador Wilson Witzel em posse no Tribunal da Justiça do Rio Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

2 × três =