Conclusão do inquérito foi divulgada nesta terça (19); Polícia Militar disse que cabo será afastado de atividades na rua
Redação Brasil de Fato
Um tiro disparado por um cabo da Polícia Militar foi responsável pela morte da menina Ágatha Félix, de oito anos, em setembro deste ano, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Essa é a conclusão do inquérito feito pela Delegacia de Homicídios da Capital, da Polícia Civil, divulgada nesta terça-feira (19). As investigações confirmam a versão de familiares de Ágatha e do motorista da kombi em que a menina estava quando foi baleada.
O oficial da Polícia Militar, que não teve o nome divulgado, é lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Fazendinha, no Complexo do Alemão. Ele já foi indiciado pela morte e o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). A Polícia Militar informou que o oficial será afastado das atividades de rua.
“A Secretaria de Estado de Polícia Militar lamenta o triste episódio da pequena Ághata e reforça solidariedade à família. Sobre a investigação, a corporação esclarece que está dando o apoio necessário à Delegacia de Homicídios da Polícia Civil”, disse a PM em nota.
Investigações
As investigações contaram com depoimentos de policiais militares em serviço pela UPP, outras testemunhas e resultados da perícia realizada no local. Uma reprodução simulada foi realizada no dia 1º de outubro. O relatório das investigações aponta que “houve erro de execução por parte do PM”.
Segundo o documento, o policial tentou atingir dois supostos suspeitos que passavam em uma moto, “mas o projétil ricocheteou [bateu primeiramente em um poste] e atingiu Ágatha no interior do veículo”, afirmam os investigadores.
A versão de confronto com “suspeitos” foi alegada pela Polícia Militar ao longo dos últimos meses. No entanto, os familiares de Ágatha e o motorista da Kombi afirmaram repetidas vezes que não houve tiroteio.
“Se tivesse ataque ou confronto, todos saberíamos, moramos aqui dentro. A nossa palavra, a palavra da família da Ágatha, nem deveria ser questionada. Os policiais, quando fazem a besteira, devem ter consciência e admitir o erro, ‘está aqui a minha arma, aconteceu isso e isso’. Mas o que acontece é que um acoberta o outro, dão as mãos e escondem a bagunça que eles fizeram”, disse a tia da Ágatha, Daniele Félix, em entrevista ao Brasil de Fato, logo após a morte da sobrinha.
Relembre o caso
Ágatha Vitória Sales Félix morreu, no dia 20 de setembro deste ano, após ser baleada na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. A menina estava com a mãe em uma kombi quando foi atingida. Ela ainda foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento do Alemão e transferida para Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.
A morte da menina mobilizou as redes sociais e protestos em todo o país. Nas ruas, centenas de pessoas acompanharam o enterro de Ágatha enquanto gritavam “Witzel assassino”, “polícia assassina” e queremos paz”. Já nas redes a hastag #ACulpaEDoWitzel esteve em primeiro lugar dos assuntos comentados no Twitter.
Edição: Mariana Pitasse