Mineradora não para durante pandemia e Angico dos Dias sofre com novas explosões e risco de contaminação

Por Comunicação CPT Juazeiro

Com a pandemia do novo coronavírus, a população, da cidade e do campo, tem mudado de hábitos e adotado as recomendações de isolamento social dos órgãos de Saúde. Na Bahia, as medidas que visam conter a propagação do vírus já estão vigentes há mais de um mês. No entanto, para quem vive em territórios com a presença da mineração, se proteger da Covid-19 tem sido ainda mais difícil.

A comunidade tradicional de fundo de pasto Angico dos Dias, localizada no município de Campo Alegre de Lourdes (BA), tem convivido com o medo diário de contaminação. A mineradora de fosfato Galvani, instalada na comunidade, não parou suas atividades. Caminhões e trabalhadores da empresa que vêm de outros municípios continuam circulando no território. Além desse fluxo de pessoas, a comunidade foi surpreendida na tarde da última sexta-feira (24) com novas explosões da mineradora, aumentando a insegurança em um momento já difícil provocado pela pandemia.

“Tremeu tudo! Em plena pandemia, as pessoas em suas casas, preocupadas com a alimentação e a saúde, e a gente convivendo com esse absurdo. A preocupação da mineração é com a produção e lucro financeiro, não está nem aí pra vida de ninguém”, comenta o presidente da Associação de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu Edinei Soares. De acordo com a Associação, a população só foi avisada apenas duas horas antes das explosões.

Até o último sábado (25), o município de Campo Alegre de Lourdes já contava com dois casos confirmados do novo coronavírus, segundo informações da Prefeitura Municipal. Em todo o Brasil, entidades, organizações e movimentos sociais têm apontado a preocupação com a vida dos/as trabalhadores/as e da população em geral nos locais impactados pelo setor minerário (atividade extremamente insalubre), que não paralisou suas atividades. No território do Sertão do São Francisco, o município de Curaçá (BA) já tem oito casos da Covid-19 confirmados, entre eles, um trabalhador da Mina Vermelhos/Mineração Caraíba e seu pai.

Em nota divulgada no final de março, a Comissão Episcopal Pastoral Especial sobre  Ecologia Integral e Mineração (CEEM) da Conferência Nacional dos  Bispos do Brasil (CNBB) reivindicou a paralisação das  atividades de mineração enquanto o País estiver ameaçado pela pandemia. Na publicação, a CEEM também repudiou ações do Governo Federal, como a Portaria do Ministério das Minas e Energia que  autoriza o setor mineral de manter suas atividades.

Foto: Mineração na comunidade Angico dos Dias (arquivo)/ ©Thomas Bauer

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