Prefeitura de SP inicia despejo em plena pandemia, mas comunidade resiste na zona sul

Cerca de 50 famílias resistiram à investida policial e conseguiram adiar em 30 dias o prazo para deixarem o local

Vanessa Nicolav, Brasil de Fato

A Prefeitura de São Paulo iniciou na manhã desta quinta-feira (6) uma ação de despejo contra cerca de 50 famílias da comunidade Novo Chuvisco, antiga Favela da Rocinha, na zona sul de São Paulo. Para retirar as famílias, que receberam o comunicado de que deveriam deixar o local na terça-feira (4) , a Polícia Militar do Estado de São Paulo utilizou bombas de gás e balas de borracha.

Ao todo 300 famílias moram na ocupação, que existe há cerca de oito anos e está localizada ao lado da obra que resultará em um parque linear, segundo a prefeitura.

Em plena pandemia de covid-19, a ação comandada pela subprefeitura do Jabaquara não teve a presença de assistentes sociais ou profissionais de saúde. 

Apesar da truculência os moradores resistiram à investida e conseguiram, por meio de um acordo, adiar em 30 dias a data para deixarem o local.

“Tô cansada. A luta foi complicada, mas com a resistência de todos nós da comunidade conseguimos 30 dias. Nesses 30 dias nós estaremos nos organizando, vendo pra onde podemos ir. Já estamos agradecidos porque foi uma forçada comunidade, foi uma luta no coletivo e a comunidade está de parabéns”, comemora a massoterapeuta Janaína Rosa de Paula, hoje desempregada.

Também desempregado em meio à pandemia, Felipe Medeiros mora com a esposa e dois filhos na comunidade Novo Chuvisco e não tem condições de pagar aluguel. “To aqui só por causa do espaço, da moradia. Estão invadindo e não estão deixando a gente morar e ai ta nesse conflito, tacando bomba em nós, jogando gás, mas a gente vai resistir enquanto der”, afirma.

Por meio de um termo de responsabilidade assinado entre as partes que garante que não haverá ações dessa natureza contra nos moradores nos próximos 30 dias, o advogado Olécio Bueno de Moraes também pede assistência para as famílias que não têm para onde ir.

“Não é o ideal [os 30 dias], mas pelo menos tem um respiro né, um fôlego pra resolver a vida. É um paliativo.Tem que vir aqui a subprefeitura, pra ver a situação que é, como está e como vai ficar. Se comprometer a dar assistência a eles para o que for necessário, é de praxe. Cadastro, lá na frente abrigo se for necessário, porque 30 dias passa rápido”, lembra.

Edição: Leandro Melito

Imagem: Policiais iniciaram despejo na manhã desta quinta-feira (6) na zona sul de São Paulo sem a presença de assistentes sociais para atender as famílias – Vanessa Nicolav

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