Mansueto Almeida deixou o governo de Paulo Guedes para trabalhar no BTG fundado por Guedes. Por João Filho

O BTG agora tem um craque que passou seis anos acumulando informações privilegiadas, escolheu seu substituto e é amigão do ministro da Economia

No The Intercept Brasil

EM JUNHO, o então secretário do Tesouro Mansueto Almeida anunciou que sairia do governo. O motivo seria o cansaço. O economista está no governo desde 2016 e alegou que não aguentaria ficar até 2022. Sobre os burburinhos de que já estaria negociando um novo emprego na iniciativa privada, Mansueto rechaçou: “Não é verdade. Seria maluquice eu estar no governo e vendo para onde ir. Vou definir isso na quarentena depois que sair.”

A quarentena à qual ele se refere é o período no qual agentes públicos devem cumprir antes de assumir cargos na iniciativa privada. Esse período serviria para evitar o uso de informações privilegiadas do serviço público em benefício de interesses privados.

Mas logo no primeiro mês de quarentena já foi anunciada a ida de Mansueto para o BTG Pactual. Não esperaram nem esfriar a cadeira no Tesouro para fazer o anúncio. Ele será sócio e economista-chefe do banco que, por uma dessas coincidências da vida, tem Paulo Guedes como um dos seus fundadores. Mansueto havia considerado uma “maluquice” imaginar que ele estaria negociando um cargo no setor privado enquanto ainda estava no Tesouro. É um papo difícil de convencer até os mais inocentes.

O BTG não teve nem a decência de esperar o fim da quarentena para disfarçar esse flagrante caso de promiscuidade entre os interesses públicos e privados. A coisa é mesmo escancarada, ostensiva. Mansueto só poderá assumir o cargo a partir de janeiro, mas o BTG da turma do Paulo Guedes já está faturando com o anúncio. Por que esperar até janeiro se o banco pode valorizar seu nome no mercado anunciando a contratação da fera desde já?

Agora, o ex-funcionário de Guedes no governo será um dos sócios de um banco fundado por… Guedes. Os seis meses de quarentena é um precinho muito baixo para se pagar. O BTG agora tem um craque que passou seis anos acumulando informações privilegiadas, ajudou a escolher o seu substituto no Tesouro e é amigão do ministro da Economia e fundador do banco do qual acabou de se tornar sócio. Acredito que Guedes e Mansueto certamente passarão a conversar apenas sobre o campeonato brasileiros nos próximos churrascos entre amigos. Não é formidável?

Por gentileza, continue a leitura no original, no TIB.

Foto: Agência Brasil

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