O recado não poderia ser mais claro. Em entrevista ao Estadão o novo embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, reforçou a posição da chanceler Angela Merkel sobre o futuro do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia: “Para seguir em frente, precisamos ver progressos reais nos pontos mais importantes da questão ambiental. Precisamos ver ações reais e os números do desmatamento caindo durante um período significativo.”
Na semana passada, o vice-presidente Mourão não escondeu o pessimismo e disse que o acordo comercial – que demorou mais de duas décadas para ser negociado e firmado – “parece que começa a fazer água”, em alusão às dificuldades que diversos países europeus estão impondo à tramitação do texto, especialmente por conta da alta no desmatamento e nas queimadas na Amazônia brasileira.
Já o secretário especial de comércio exterior do Brasil, Roberto Fendt, garante que o acordo Mercosul-UE segue “firme”. Ao Valor, Fendt atribuiu o ceticismo de Merkel sobre o futuro do acordo ao calendário eleitoral na Alemanha, que deve ir às urnas neste mês.
Na Europa, a pressão da sociedade civil segue intensa para que a UE condicione a ratificação do acordo com Mercosul à proteção do meio ambiente, principalmente no Brasil. “A União Europeia deve assumir seriamente sua responsabilidade pela destruição da Amazônia e do Cerrado”, escreveu Ester Asin, do WWF, ao Euractiv. “Com o poder de seu mercado consumidor, ela tem o poder para impedir expulsões, abusos de Direitos Humanos, destruição da biodiversidade e liberação maciça de CO2 causada por queimadas e desmatamento em todo o mundo”.