Novo chefe barra lideranças indígenas em órgão federal de Campo Grande

De acordo com as lideranças, Joe Saccenti Junior não atendeu a população desde que assumiu o cargo; PM foi acionada

Por Guilherme Cavalcante e Gabriel Neves, no Jornal Midiamax

Lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul que procuraram atendimento na sede do Dsei-MS (Distrito Sanitário Especial Indígena) na manhã desta quarta-feira (14) denunciam que foram barrados pelo novo coordenador distrital do órgão, o militar da reserva Joe Sccenti Junior, que vetou acesso ao interior do prédio. A Polícia Militar foi acionada e está no local.

Segundo a denúncia, o grupo é composto por 34 indígenas de etnia terena, dos quais 12 são lideranças, a fim de discutir as estratégias para a população – desde que assumiu o cargo, Saccenti não teria realizado atendimentos. Foi quando o próprio coordenador teria descido ‘a área externa e dito que não realizaria atendimento ao grupo e falaria com apenas um cacique – o que indignou os presentes.

“Nunca foi assim. Somos 12 lideranças, de diferentes lugares. Queremos saber como serão as ações dele no Dsei. Desde que ele assumiu ninguém foi recebido e o que estamos sabendo é que ele está centralizando ações que antes eram divididas pelos polos, que conhecem as realidades de cada aldeia. Queremos falar com ele para saber como ficará a estratégia para combater a pandemia. Até agora não sabemos nada, estamos jogados”, declarou Jani Reginaldo, liderança indígena de Dois Irmãos do Buriti.

Coronel da reserva, Joe Saccenti Junior foi nomeado ao cargo em substituição de Eldo Elcídio Moro, que havia sido nomeado em outubro do ano passado, pelo então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Assim como seu antecessor, Saccenti é acusado pelas lideranças de não ter conhecimento técnico para o cargo.

Denúncia semelhante também atingiu o militar da reserva José Magalhães Filho, mais conhecido na cidade como “O Homem do Megafone”, ao cargo de Coordenador Regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Campo Grande, que também não teria afinidade com a agenda indígena. Magalhães foi exonerado do cargo após a senadora Soraya Thronicke (PSL) votar pela derrubada do veto do presidente que impedia aumento de salários de servidores da linha de frente do combate à covid-19 durante a pandemia e pedir a demissão do ministro da Economia Paulo Guedes.

O Jornal Midiamax apurou que um delegado da PF irá ao local para conversar com as lideranças.

Foto: Cimi

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Zelik Trajber

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