Sua jornada de 91 anos ficou marcada pela luta para salvaguardar os direitos originários, em defesa da vida, da cultura e da demarcação dos territórios tradicionais
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste lamenta o falecimento do pajé Pedro Limeira, e se solidariza com o povo Pankará da Serra da Cacaria, do município de Carnaubeira da Penha, Pernambuco. Aos 91 anos completa sua jornada de lutas pela garantida dos direitos originário dos povos, em defesa da vida, da cultura e pela demarcação dos territórios tradicionalmente ocupados.
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira, 24 de setembro, o Cimi Regional Nordeste destaca sua sabedoria e liderança. “Nunca desanimou mediante as violências e injustiças sofridas. Sempre a frente das lutas de seu povo e dos povos do Nordeste brasileiro, o pajé Pedro Limeira nunca negou, nunca desanimou de seu papel histórico de liderar”, lista a nota.
“Sempre a frente das lutas de seu povo e dos povos do Nordeste brasileiro, o pajé Pedro Limeira nunca negou, nunca desanimou de seu papel histórico de liderar”
Sabido na arte de conduzir as lutas e principalmente na arte de resistir, o seu povo Pankará, assim como todos os povos indígenas do Nordeste, ficarão marcados por seu sorriso largo e por sua voz forte ao entoar o toré e os cantos de alegria, assim como seu grito de guerra no enfrentamento à colonização.
A volta do pajé Pedro Limeira Pankará ao Reino Encantado, neste 24 de setembro, também traz a memória a luta Josué de Castro, que há 48 anos nesta mesma data ancetralizava. “Suas memórias permanecerão sempre vivas”, finaliza o Regional.
Confira a nota na íntegra:
NOTA DE PESAR
Hoje dia 24 e setembro de 2021, recebemos a notícia da ancestralização do senhor Pedro Limeira, como era conhecido o pajé Pankará da Serra da Cacaria, Terra Indígena Pankará, no município de Carnaubeira da Penha, Pernambuco. Ao longo de seus 91 anos, este grande guerreiro sempre esteve à frente de seu povo e dos povos indígenas no Nordeste, na luta para salvaguardar os direitos originários em defesa da vida, da cultura, da demarcação das terras.
O pajé Pedro Limeira nunca se negou ao seu papel histórico como líder, nunca desanimou mediante as violências e injustiças sofridas, sempre se manteve altivo e animando os demais. Com seu sorriso largo e voz forte ao entoando o toré e os cantos de alegria, assim como seu grito de guerra no enfrentamento à colonização, conduzindo seu povo em busca da terra prometida, da terra sem males, do “Bem Viver” dos povos indígenas e do seu povo Pankará.
Esteve junto com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste em diversos momentos: nas reuniões da COPIPE, APOINME, ATLs, nas Marchas Antinucleares e tantas outras. Denunciando o racismo estrutural e o racismo ambiental em defesa do Rio São Francisco, o grande Opará. Por sua vez, o Cimi Nordeste sempre esteve presente nos eventos de São Pedro em sua comunidade, por ocasião de seu aniversário, evento que se transformava em Assembleia do povo, em espaço de formação e definição de planejamento para o ano seguinte.
Volta ao Reino Encantado, juntando-se aos seus ancestrais, encontrando-se com a “Legião dos Guerreiros e Guerreiras indígenas” e continuam sua missão de proteger todas e todos que lutam. Há 48 anos, nessa mesma data, o pernambucano Josué de Castro também fez sua viagem definitiva. Além de serem naturais de uma mesma unidade da federação, Seu Pedro e Josué tiveram em comum a luta por OUTRO MUNDO POSSÍVEL. Suas memórias permanecerão sempre vivas.
Cimi Regional Nordeste, 24 de setembro de 202
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Pajé Pedro Limeira, do povo Pankará, ao centro do registro. Foto: Thiago Nagô