Três anos após o crime da Vale, moradores e especialistas temem por novos rompimentos na região

As fortes chuvas do final de 2021 trouxeram de volta o medo com as ameaças de rompimentos

Redação Brasil de Fato

No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem Córrego do Feijão da Vale S.A rompia em Brumadinho (MG). O mar de lama matou 272 pessoas e soterrou com 13 milhões de metros cúbicos de lama várias casas, animais e vegetação.

Três anos depois do crime socioambiental, associações e comissões organizadas por atingidos obtiveram algumas conquistas, como a indenização paga a algumas famílias, programas de transferência de renda, direito a assessoria técnica, entre outros acordos.

Apesar dessas conquistas, fruto de mobilização popular, a sensação de injustiça pelas consequências irreparáveis do rompimento segue os moradores, como expõe uma moradora da região que preferiu não se identificar.

“Piores anos da minha vida, são os piores. Sem dúvida. Eu, sustento…eu vivo, eu durmo, eu tenho meu dia sob remédio. Eu não consigo mais viver sem meus remédios. Eu estou realmente perdida”.

Diante das fortes chuvas que castigam Minas Gerais desde dezembro de 2021, moradores temem que outras barragens possam se romper, já que, na avaliação de especialistas, as estruturas dessas construções não são totalmente segura. É o que avalia Marcos Polignano, ambientalista e coordenador do projeto Manuelzão, que estuda e promove atividades relacionadas a questões ambientais.

“Com as fortes chuvas que caíram em toda essa região do quadrilátero, onde nós temos, pelo menos, cerca de umas 10 barragens, o risco de rompimento aumentou e não temos nenhuma garantia da estrutura desses barramentos”, aponta.

Além do impacto social, o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, deixou um rastro de destruição do meio ambiente. Estudo realizado pelo Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab) revela que após as cheias do rio Paraopeba, em 2020, foram identificadas alterações químicas em 119 amostras coletadas em áreas afetadas pelas enchentes.

Na análise do material, foi observada a presença de metais pesados, que excediam os limites previstos na legislação. Além disso, foram percebidos materiais característicos dos rejeitos. 

“As consequências vão se propagando, e isso vai gerando processos também de adoecimento da população, porque são historias de vida, são perdas não só econômica, mas de projetos de vida”, analisa o ambientalista Marcos Polignano. 

Edição: Vivian Virissimo

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