Brasil é denunciado na ONU por deficiências na investigação sobre os assassinatos de Bruno e Dom

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O Brasil foi denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta 4ª feira (22/6) pelas deficiências na investigação dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

O pedido foi motivado pelas declarações da Polícia Federal indicando o fim das investigações sem que os mandantes do crime ou a rede criminosa da qual os assassinos fazem parte tenham sido devidamente identificados.

Jamil Chade explica no UOL que este desdobramento era um dos cenários temidos pelo Itamaraty por aprofundar a pressão sobre o governo brasileiro no tema da Amazônia.

“Apelamos a este Conselho e à comunidade internacional para que acompanhem de perto esta investigação e exijam justiça. Apelamos urgentemente à necessidade de proteção às Comunidades Indígenas do Vale do Javari, bem como ao fortalecimento dos mecanismos de proteção ao meio ambiente e aos que o defendem”, pediram as entidades, num discurso feito por Gustavo Huppes, assessor de advocacy da Conectas Direitos Humanos.

O português Correio da Manhã destaca da denúncia a suspeita de orquestração por parte das autoridades brasileiras para que a investigação seja conduzida de forma a isentar o presidente, o governo e os órgãos federais ligados ao meio ambiente e às questões indígenas.

Os corpos do jornalista e do indigenista devem ser liberados hoje (23), informa a CNN, mas a arma de Pereira, usada para revidar o ataque de seus agressores, segue desaparecida, reportam O Tempo e Folha.

As armas de caça, como a que matou a dupla, tiveram seus registros anuais triplicados durante o atual governo, passando de 7,6 mil reais em dezembro de 2018 para 29,5 mil reais no mesmo mês do ano passado, informa Carlos Madeiro, no UOL.

A realidade no Vale do Javari é complexa, e duas comissões, uma do Senado e outra da Câmara dos Deputados, farão uma missão conjunta à região. Entre os requerimentos aprovados está um apresentado pela deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), que solicita aos órgãos de segurança que garantam a proteção dos líderes das entidades indígenas que atuam no Vale do Javari.

A Procuradoria Geral da União também cobra mais segurança na região.

O Profissão Repórter mostrou que Bruno Pereira tentava mediar a relação entre indígenas e os pescadores, para estabelecer um tipo de manejo não predatório do Pirarucu, dias antes de ser assassinado.

A ausência de políticas públicas no Javari é parte da situação de insegurança, e uma evidência deste abandono ocorreu quando a juíza da comarca de Atalaia, do Norte, Jacinta Silva, tentou falar no Observatório de Direitos Humanos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e não conseguiu por problemas de conexão com a internet.

O ministro do Supremo Luiz Fux, que preside o CNJ, mandou oficiar o TJ do Amazonas para garantir melhor estrutura de trabalho para a juíza, informa a Veja.

Em tempo: Relatores da ONU pediram ontem ao Brasil que não aprove o PL do Veneno (PL 6299/2002). O projeto de lei foi votado a toque de caixa na Câmara e, se aprovado no Senado, representará, nas palavras dos relatores, um “monumental revés para os Direitos Humanos no país”, diz reportagem do UOL.

Imagem: Na imagem acima Bruno Pereira e Dom Phillips (Fotos Daniel Marenco/O Globo e reprodução Twitter).

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