Herdeiros da “boiada” bolsonarista ameaçam política ambiental no Legislativo

ClimaInfo

O governo Bolsonaro pode ter acabado, mas a boiada não ficou órfã em Brasília. O agronegócio, por meio da bancada ruralista e de seus articuladores políticos no Congresso, está abrigando o projeto de desmonte da política ambiental patrocinado pelo ex-presidente e seus aliados.

No Sumaúma, Cristiane Fontes conversou com o antropólogo Caio Pompeia, que estuda o agronegócio como um fenômeno político. Ele abordou o trabalho do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), que assumiu a “amarração” política dos interesses regionais e nacionais do agro no Legislativo.

“A consolidação do IPA amplia a desestabilização das fronteiras entre o público e o privado na representação de interesses. O que ocorre é um processo conjunto de criação de propostas que possam ter efetividade política”, explicou Pompeia. “Com o instituto, ocorre uma construção coletiva desde o começo, (…) uma construção que de saída é empresarial-parlamentar”.

Mais articulados e com poder reforçado no Congresso, os ruralistas assumiram o papel de “boiadeiro” em Brasília e estão se preparando para fazer o contraponto à retomada da política ambiental pós-Bolsonaro. Exatamente por conta de sua representatividade política no Legislativo, o risco do lobby agropecuário de seus interesses “enfiar goela abaixo” do governo é significativo.“Madeireiros e garimpeiros se assenhoraram do país com o aval não apenas do ex-presidente Jair Bolsonaro como do Congresso. Enraizaram-se tanto que invadiram o quintal do lulismo”, escreveu Maria Cristina Fernandes no Valor. Ela assinalou a Medida Provisória (MP) 1150/2022, que desmonta a Lei da Mata Atlântica, aprovada pela Câmara na semana retrasada, inclusive com votos de partidos teoricamente da base aliada do governo Lula no Congresso.

VICTOR MORIYAMA/AMAZÔNIA EM CHAMAS

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

onze + 2 =