Bancos financiam desmatamento em Áreas Protegidas na Amazônia

Levantamento do Greenpeace Brasil mostrou como bancos estrangeiros e nacionais, inclusive estatais, estão financiando propriedades sobrepostas a Áreas Protegidas na Amazônia e incentivando o desmatamento.

ClimaInfo

Uma análise divulgada pelo Greenpeace Brasil na última 2ª feira (8/4) destacou como os setores bancários nacional e internacional ainda tropeçam na hora de restringir seus serviços a clientes associados diretamente com a destruição da Amazônia.

O levantamento analisou as propriedades listadas na base do Banco Central do Brasil que receberam crédito rural entre 2018 e 2022 no bioma amazônico e encontrou diversas irregularidades que contrariam as regras do Manual de Crédito Rural (MCR). Além de financiamento indevido, a análise identificou falhas nos sistemas de controle dos bancos e lacunas nas normas vigentes.

Segundo o Greenpeace Brasil, foram identificadas 10.074 propriedades inseridas parcialmente ou totalmente em Unidades de Conservação, sendo 41 delas em Áreas de Proteção Integral, onde nenhuma atividade econômica é permitida. Outras 24 propriedades foram identificadas em sobreposição parcial ou total a sete Terras Indígenas e 21.692 imóveis com sobreposição com Florestas Públicas Não Destinadas.

O relatório aborda 12 casos específicos de financiamento rural indevido, no qual os proprietários de fazendas em áreas problemáticas – marcadas por desmatamento ilegal, indícios de grilagem, sobreposição com Áreas Protegidas e com produção irregular de gado – fizeram empréstimos de mais de R$ 43 milhões.

Um dos casos analisados é o da fazenda Arizona, no Acre, que obteve um crédito de R$ 1,4 milhão do Banco do Brasil em 2023 para bovinocultura. O financiamento ignorou o fato de que metade da área da fazenda está sobreposta a uma Floresta Públicas Não Destinada de domínio estadual e que, nos seis anos anteriores, a propriedade acumulou cerca de 420 hectares de vegetação nativa desmatada – com fortes indícios de ilegalidade.

“Nota-se que há um descumprimento das normas atuais e também uma série de lacunas nas normas que orientam a concessão de crédito rural. Os bancos podem e devem fazer mais do que o solicitado no MCR e os reguladores devem editar normas para ampliar as exigências socioambientais e garantir que os recursos do crédito rural não cheguem a áreas com irregularidades”, destacou Cristiane Mazzetti, do Greenpeace Brasil.

Folha deu mais detalhes sobre o levantamento.

Em tempo: Um novo estudo financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) concluiu que as mudanças do clima devem afetar significativamente os rendimentos dos agricultores nas próximas décadas, com maior instabilidade no retorno das safras e, consequentemente, maior risco de inadimplência nos contratos de crédito rural. Esse risco deve subir até 7% em duas ou três décadas, em um cenário no qual os bancos mantêm as mesmas políticas de financiamento. A notícia é d’O Globo.

Greenpeace Brasil

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