Chacina de Acari: MPF discute cumprimento de condenação por Corte Interamericana e medidas urgentes para familiares

Corte condenou Estado brasileiro pelo desaparecimento forçado de 11 jovens da Favela de Acari, no Rio de Janeiro, há 34 anos

Procuradoria da República no Rio de Janeiro

O Ministério Público Federal (MPF) se reuniu com familiares das vítimas da Chacina de Acari, seus representantes legais e autoridades para discutir o andamento do cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH). A reunião virtual, realizada no último dia 20, foi conduzida pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto Julio Araujo e teve como principais pautas a urgência em garantir assistência médica e psicológica aos familiares e a necessidade de uma política pública estruturada para casos semelhantes.

Em 2024, a Corte IDH condenou o Estado brasileiro pelo desaparecimento forçado de 11 jovens, moradores da Favela de Acari, no Rio de Janeiro, ocorrido em de julho de 1990. O julgamento reconheceu também a ineficiência das investigações e de punições relacionadas aos desaparecimentos e aos assassinatos de duas mães que lideravam os esforços para exigir justiça.

O MPF destacou a importância de assegurar a execução da decisão da Corte IDH e ressaltou ainda o papel fundamental dos familiares no acompanhamento e fiscalização desse processo.

A reunião também abordou os desafios do cumprimento de sentenças internacionais e a necessidade de uma articulação eficaz para superar entraves burocráticos. A assistência médica e psicológica foi destacada como prioridade, devido ao impacto da falta de suporte na saúde das famílias. No encontro, o advogado Carlos Nicodemos reforçou que as famílias seguem afetadas pelo desgaste do tempo e pela estrutura vitimizadora do Estado.

A ausência de coordenação centralizada no cumprimento da sentença tem gerado incerteza e ansiedade entre os familiares. Para solucionar essa questão, o procurador Julio Araujo informou que a União, por meio do Ministério de Direitos Humanos, assumiu a responsabilidade de coordenar o processo, com a criação de Grupos de Trabalho (Gts).

O encontro resultou em encaminhamentos importantes. Uma reunião com representantes dos Ministérios da Saúde, Direitos Humanos e Igualdade Racial foi agendada para 10 de abril, visando à implementação imediata do Ponto Resolutivo nº 15 da sentença da Corte IDH, que determina a oferta de tratamento médico e psicológico aos familiares que solicitarem.

Responsabilização – Em janeiro deste ano, o MPF abriu um procedimento para acompanhar o cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o Brasil pela falta de investigação e punição dos responsáveis pela chacina de Acari. O objetivo é prevenir novas violações de direitos humanos e evitar a responsabilização internacional do país.

O MPF busca assegurar a implementação das medidas determinadas pela Corte, incluindo a continuidade da investigação sobre o desaparecimento forçado dos jovens de Acari, a identificação e punição dos responsáveis, apoio médico e psicológico aos familiares, indenizações e a criação de um memorial em homenagem às vítimas.

A atuação no caso das “Mães de Acari” exemplifica o papel do MPF na defesa da sociedade e na busca por justiça, especialmente para grupos vulneráveis. “O MPF seguirá monitorando os desdobramentos do caso, buscando a efetiva implementação das determinações da Corte IDH e a ampliação da articulação institucional para assegurar os direitos das vítimas e seus familiares”, destacou o procurador Julio Araujo.

Foto: Reprodução/TV Globo

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