Carta aberta a Embasa e CERB: Em Defesa da Justiça da Água na Palestina e na Bahia

As organizações abaixo se solidarizam com o pedido que nos chega da Palestina, denunciando as relações entre as instituições do Estado de Bahia e a empresa estatal israelense da água, Mekorot. Em 2013, a Embasa, a CERB e o governo baiano assinaram um acordo de cooperação técnica. No final de 2015, a Secretária da Infraestrutura Hídrica e Saneamento da Bahia, participou numa nova viagem a Israel, organizada pelo consulado israelense. Essas relações são usadas amplamente como propaganda por parte de Israel a nível local, nacional e global.

O povo palestino está sofrendo e resistindo à agressão israelense desde a criação do estado de Israel, que resultou na expulsão de 75% do povo palestino das terras que passaram a ser controladas por Israel, eventos conhecidos como ‘Nakba’ (‘catástrofe’ em árabe). Hoje, Israel continua as suas políticas de limpeza étnica, segregação e discriminação racial, e ocupa e coloniza cada dia mais terras palestinas. As colônias ilegais em território palestino, o Muro de Apartheid – com 9m de altura e 700 km de extensão ­ e o roubo da água palestina, são ferramentas fundamentais que confinam o povo palestino a uma área de não mais de 13% do seu território histórico.

A Mekorot construiu e gere a totalidade da rede nacional de água israelense implementando o “apartheid da água” sobre os palestinos, depredando os recursos naturais palestinos e criando as condições vitais para o processo ilegal de colonização. O consumo palestino nos territórios ocupados é de cerca de 70 litros diários por pessoa enquanto que o consumo diário per capita israelense é de cerca de 300 litros.

Na década de 1950 a Mekorot desviou e quase secou o rio Jordão para servir as comunidades israelenses. Com a ocupação da Cisjordânia, Gaza e Colinas de Golã em 1967, a empresa monopolizou o controle sobre as fontes de água nesses territórios em benefício dos assentamentos israelenses ilegais e segue negando o acesso à agua às comunidades palestinas como ferramenta de limpeza étnica.

Estas ‘experiências’ são exportadas por empresas, como a Mekorot, para financiar a economia israelense baseada na guerra e na colonização.

Para cortar essas fontes de financiamentos internacionais e de legitimação da política israelense, as organizações políticas e sociais palestinas, desde 2005, lançam um apelo ao mundo para boicotar, desinvestir e impor sanções contra Israel. Esse movimento conseguiu derrubar contratos da Mekorot em Buenos Aires, Lisboa, Holanda e São Paulo. Está na hora de cortar as relações da Bahia com essa empresa!

Assim, pedimos à Embasa, Cerb e Secretária da Infraestrutura Hídrica e Saneamento que terminem imediatamente com as suas relações com a Mekorot. Recusamos o uso dessas tecnologias desenvolvidas durante décadas de limpeza étnica contra o povo palestino. Insistimos que o Brasil tem o saber e as tecnologias suficientes para encontrar soluções para as questões de saneamento e de acesso à agua. Basta implementar as políticas públicas necessárias.

Enquanto a Mekorot e Israel propagandeiam no Brasil e no mundo que estão ajudando o povo baiano, os contratos entre empresas israelenses e as empresas da água e do saneamento do estado da Bahia contribuem, na verdade, somente para os processos de privatização da nossa água.

Estamos juntos pelo direito à agua, para todos e todas, na Bahia, no Brasil e na Palestina.

Assinam:

Desde Palestina:

Campanha Palestina Popular contra o Muro de Apartheid (Stop the Wall)

Coligação de Defesa da Terra

Desde Bahia:

Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

Levante Popular da Juventude

Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA)

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

2 × três =