A CNTE publicou os nomes dos extraviados. Os professores continuam unidos e mobilizados apesar do assédio policial
Adital / TeleSul
Até agora somam 12 mortos, 25 desaparecidos e dezenas de feridos, após o brutal despejo de professores no sulista estado mexicano de Oaxaca, por parte da polícia, assim informou a Coordenadora Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE).
A correspondente da teleSul no México, Aissa Garcia, detalhou que do total das mortes, 10 ocorreram em Nochixtlan, uma em Hacienda Blanca e outra em Juchitán.
Da mesma forma, Garcia informou que, durante os atos repressivos, cerca de 64 professores foram detidos, assim como outros 15 líderes magisteriais.
Mais cedo, circulou nas redes sociais uma lista com os nomes de 22 pessoas que se encontram desaparecidas depois da brutal repressão por parte das forças policiais contra os maestros que se manifestavam contra a reforma educativa impulsionada pelo presidente do México, Enrique Peña Nieto.
Em entrevista à teleSur, o presidente da Liga Mexicana de Direitos Humanos, Adrián Ramírez, expressou sua preocupação pelos desaparecidos, devido a que no país existe o antecedente dos 43 estudantes de Ayotzinapa, cujo caso ainda não está resolvido.
O porta-voz acrescentou que parte destas pessoas podem estar detidas.
Neste sentido, Ramírez disse que é frequente que as detenções se oficializem depois de horas do desaparecimento das pessoas quando, posteriormente, vão a aparecer em centros de alta segurança.
“Existe uma grande quantidade de pessoas classificadas como desaparecidas e, portanto, a autoridade tem que responder”, assinalou.
As mobilizações continuarão
O correspondente da teleSul, Fernando Camacho, informou que a previsão é que as mobilizações e os bloqueios nas estradas sigam para exigir que não haja repressão e reiterar a solicitude de diálogo ao Governo.
Camacho detalhou que em Oaxaca se vive um ambiente de muita tensão e indignação pela repressão e confirmou que dois jornalistas foram assassinados em Juchitán.
Apontou que ocorreram alguns saques conferidos pela CNTE a grupos de provocadores. A finalidade dos mesmos é responsabilizar logo aos professores para reprimí-los, disse a CNTE citada pelo enviado especial.
Pedem intervenção de observadores internacionais
Por sua parte, Daniela González López, do Observatório de Direitos Humanos dos Povos capítulo Oaxaca, desmentiu as versões que maneja o governo e destacou que hoje mais do que nunca os maestros e o povo estão unidos em defesa da educação pública.
Em entrevista à teleSul, condenou a repressão e advertiu que o ocorrido em Oaxaa atenta contra os direitos fundamentais da população e do magistério.
Também denunciou que durante a desocupação havia integrantes da polícia preventiva vestidos de civil e francoatiradores efetuando disparos.
Solicitou ademais a intervenção de organismos de Direitos Humanos, das Nações Unidas e de observadores internacionais para que obtenham informação sobre as violações que estão sofrendo e façam um monitoramento para a defesa dos Direitos Humanos.
Contexto
O Comissionado da Polícia Federal, Enrique Galindo Cevallos, reconheceu na noite de domingo que elementos de sua corporação estavam sim armados durante o brutal despejo de professores em Oaxaca, cujo governador Gabino Cué disse que eram seis mortos e 51 feridos, além de 25 detidos, segundo dados da promotoria.
A CNTE tem cerca de 200 mil afiliados no México, 80 mil deles em Oaxaca, e é um dos grêmios latino-americanos que durante anos manteve sua luta por melhores reivindicações e benefícios sociais.
Organizações sociais, acadêmicos e intelectuais do México e outros 14 países instaram ao governo de Enrique Peña Nieto a não reprimir mais as manifestações do sindicato dos professores e que, em lugar disso, se sente com o grupo que exige “justas demandas” e busque soluções apropriadas.
Sob a premissa de “elevar a qualidade educativa do país”, a reforma educativa de 2013 impulsionada por Peña Nieto planeja a avaliação obrigatória, para que os professores possam ingressar e se manter dentro do sistema educativo.
Os docentes querem, entre outras coisas, revogar esta disposição que causou milhares de demissões injustificadas.
Enquanto no mundo cresce o repúdio internacional contra esse ato de violência que acaba com a vida de manifestantes.