Por Alenice Baeta, para Combate Racismo Ambiental
As ruínas da Casa da Moeda Falsa, importante sítio histórico e arqueológico do período colonial situado no município de Moeda, nas Minas Gerais, sofreu um grande dano esta semana.
Foi realizada ‘queima de fogos de artifício’ sobre parte da ruína principal, que se tornou um dos ícones da história do contrabando de ouro, da mineração e do escravismo na belíssima região da Serra da Moeda.
Os fogos queimaram e chamuscaram parte de suas paredes de alvenaria de pedra. Há ainda muito lixo e degradação no local oriundo deste mesmo evento e incêndio.
Sugere-se que seja retirado com a maior urgência um palanque de cimento construído em 2014 sobre um dos muros antigos de divisa que faz parte do mesmo sítio arqueológico. Outra providência que parece urgente seria o cercamento do local, limpeza e a instalação de um sistema informativo.
Mas… o mais urgente mesmo é o diálogo entre as pessoas. Um programa de educação patrimonial emergencial e eficaz, que vise um debate sobre a proteção deste bem cultural junto à comunidade e poder público local faz-se imprescindível…
Quanto vale a ruína da Moeda Falsa e sua história, carregada de memórias e distintos olhares? E sua exuberante paisagem?
Patrimônio é sentimento, respeito às diferenças, diversidade cultural e diálogo permanente.
Me lembrei das belas reflexões da filósofa Olgária Matos, alguém que pensa muito sobre tudo isto, destaco um trecho do artigo “O sol triste das Ruínas”:
“No entrecruzamento de tempos heterogêneos, a ruína é o indício insólito de sua própria redenção constante em meio à impermanência e às mutações. Nela, tudo é inédito e, ao mesmo tempo, já acontecido, tudo já morreu e ainda não nasceu”.
Das cinzas algo novo pode renascer.
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Imagem: Local do muro frontal incendiado. Sítio Arqueológico Casa da Moeda Falsa. Município: Moeda, MG. (Foto divulgada pela equipe do Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda-IEF)