Todos pelas Vacinas: surge resposta à sabotagem do governo

Diante do flerte oficial com as fake news e da necessidade de ampla vacinação para imunidade coletiva, sociedade civil lança movimento de informação autônomo. E se houvesse, além disso, um Comitê Sanitário de Emergência?

Entrevista com Jamal Suleiman*, em Outras Palavras

Surgiu finalmente, após meses de negligência e sabotagem do governo Bolsonaro diante da pandemia de covid, uma referência alternativa. Lançado hoje, sob responsabilidade de uma coalizão de de organizações e movimentos que lutam pelo Direito à Saúde e em defesa do SUS, o site Todos pelas Vacinas busca alcançar um objetivo nem sonhado por um ministério de oficiais incompetentes e aproveitadores. Ele quer ampliar ao máximo a taxa de vacinação, para que o país alcance imunidade coletiva.

Na breve entrevista a seguir, o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas (SP), explica a iniciativa e seus possíveis desdobramentos (A.M.)

Um conjunto de entidades científicas, médicas e de defesa do Direito à Saúde lança hoje o site Todos pelas Vacinas. Quais os objetivos?

É uma iniciativa criada por organizações ligadas à divulgação científica e ao combate à desinformação, unidas com um único objetivo: promover a conscientização sobre a importância da vacinação contra a Covid-19 e outras doenças imunopreveníveis.

O que o público encontrará no site? Para que público os conteúdos foram concebidos?

Perguntas e repostas relacionadas a vacina, na forma de infográfico. Participação interativa com explicação detalhada acerca das fake news e tudo sobre Covid 19. Os conteúdos foram concebidos de maneira clara e objetiva, para que a sociedade participe como ativamente na proteção coletiva

O Brasil constituiu, há décadas, experiência notável em imunização. E foi líder na garantia do direito à vida aos portadores do HIV. Como retrocedemos a ponto de ter um governo que ataca as vacinas e nega a Ciência?

Infelizmente, o governo atual tem como politica de Estado o desmonte das estruturas de saúde pública. Exemplo claro dessa estratégia, é o fato de estarmos no terceiro “ministro da saúde”, sem nenhuma coordenação central da maior crise sanitária desse século.

As campanhas de vacinação sempre foram iniciativa do Programa Nacional de Imunização. Agora, entidades da sociedade civil veem-se obrigadas a assumir o papel. Que isso significa?

Isso é o reflexo da má escolha realizada através do voto (que aliás pode ser substituído a qualquer tempo). Todas as comissões com representação popular no ministério da Saúde foram desmontadas. Os técnicos, com bagagem sólida para o enfrentamento das questões sanitária foram afastados. A resposta possível nesse momento é a organização da sociedade civil para mitigar a catástrofe anunciada

O SUS nunca foi tão valorizado pelos brasileiros. Como rechaçar a mercantilização e, em especial, assegurar os recursos necessários para o sistema?

Nossa resposta, transformada em ação, está aqui representada. Nossa organização como sociedade civil é para reafirmar esse principio. No mais, a resposta precisa ser institucional através da deposição desse governo que desrespeita a Constituição.

Na pandemia, o Brasil se vê sem ministério da Saúde confiável e, portanto, sem referência no combate a uma doença que já matou mais de 210 mil pessoas. Não seria o caso de constituir algo como um Comitê de Emergência Sanitária, que reunisse pesquisadores e gestores respeitados e ajudasse a indicar o que é preciso fazer?

Excelente proposta. Comecemos! À luta!

*Médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

Imagem: Laerte

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