No Irpaa
A comunicação e seu papel na defesa da Convivência com o Semiárido foi o tema abordado na formação modular, realizada com agricultores e agricultoras do projeto executado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) na comunidade Cipó, em Juazeiro. O projeto trabalha a proposta da Convivência com o Semiárido e Adaptação às Mudanças Climáticas e conta com investimento do Governo alemão, intermediado pela Cáritas Alemã.
A atividade trouxe o debate da Comunicação popular e comunitária e como é possível através dela, fortalecer as experiências de convivência e ampliar a voz dos agricultores e das agricultoras. Como aponta a moradora da comunidade de Cipó, Regina Marcelino, que participou da formação, “A gente sabe que através da comunicação, nós alcançamos até fora dos limites (…) Um povo unido é um povo invencível, então para mim, a comunicação é importante na comunidade e em qualquer outro segmento”.
Nesse sentido, o agricultor e presidente da associação de Cipó, Lindomar Pereira, destaca a importância da comunicação para o relacionamento dentro da comunidade. Além de “expor às comunidades vizinhas ou até mesmo ao público em geral, a respeito da organização social da comunidade, a respeito dos benefícios, e o que vem acontecendo de bom dentro da comunidade (…) porque tudo aquilo que é bom tem que ser distribuído para os demais. (…) Então, se comunicar, distribuir essas informações é muito importante”.
Também foi debatido sobre a imagem estereotipada que os meios de comunicação vendem sobre o Semiárido, trazendo sempre as mesmas imagens de falta d’ água, chão rachado, esqueleto de animais mortos e pobreza. Imagens que são vendidas não por acaso, mas por interesses políticos e econômicos. A mídia “mostra muito mais ponto negativo a respeito do nosso Nordeste, onde mostram mais as dificuldades do que, o que a gente tem de melhorias, porque aqui a gente pode viver e viver bem no Nordeste. Sabemos que no Nordeste não falta água, falta gestão, falta mais aproveitamento, mais incentivos, e mais tecnologias. Já estamos bastante avançados, mas precisamos avançar cada vez mais”, afirma Lindomar.
Além da discussão, os participantes colocaram em prática algumas técnicas fotográficas, uma linguagem versátil que pode ser utilizada para multiplicar os conhecimentos e documentar a memória da comunidade. Sobre os conhecimentos adquiridos acerca da fotografia, Regina relata “Gostei da parte de fotografias, porque eu mesma sou leiga. Todo mundo diz que eu tiro fotos muito ruins. Então, para mim foi muito bom. Eu sei um pouco ler uma imagem, (…) mas tipo a fotografia [plano] aberto, para mim já era um pouco desconhecido”.
Assim, os temas abordados visam mostrar as diversas possibilidades da comunicação, despertar o senso crítico dos agricultores e agricultoras, e evidenciar a importância da comunicação comunitária e popular, bem como, a comunicação para a Convivência com o Semiárido. Para que dessa forma, as comunidades se tornem mais fortes e atuantes em busca dos seus direitos.
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Foto: Eixo Educação e Comunicação