Em 2016, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) instalou nove sistemas de acompanhamento em tempo real de deslizamentos de terra. Uma dessas ETR (Estações Totais Robotizadas) deveria funcionar na cidade de Petrópolis, mas todas estão paradas desde 2018 por falta de verba do governo federal para a manutenção, informou o UOL.
O repasse deveria ter sido feito pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações ao qual o Cemaden é vinculado. As outras cidades que deveriam contar com este tipo de monitoramento são Friburgo, Teresópolis e Angra dos Reis (RJ), Mauá e Santos (SP), Blumenau (SC), Recife (PE) e Salvador (BA). Segundo a reportagem, o ministério não deu qualquer resposta sobre o motivo do corte de recursos para o funcionamento desses equipamentos que poderiam salvar vidas.
A situação é ilustrativa do sentimento que tem tomado conta da cobertura jornalística após uma semana das chuvas extremas em Petrópolis – “Não foi um desastre natural!”, escreve o Jornal da Unicamp, em um texto no qual cientistas da instituição pontuam tudo o que poderia ter sido feito para evitar tantos mortos. Invariavelmente o tema da habitação se impõe.
Segundo o MapBiomas, as ocupações irregulares em Petrópolis cresceram 108% desde 1985, informa o g1. A Agência Brasil informa que ao menos 9,5 milhões de brasileiros moram em áreas de risco. Além de projeto de habitação, falta plano de enfrentamento à crise do clima, destaca artigo do Capital Reset.
Sem projetos de habitação ou de adaptação aos impactos do clima extremo, as pessoas muitas vezes retornam às regiões impactadas. É o que mostra uma outra matéria do g1 sobre Vitória da Conquista (BA), onde os moradores das áreas afetadas pelas chuvas intensas de dezembro estão voltando às casas mesmo com lama, destroços e mau cheiro.