Jovens do MST protestam em Maceió contra crime ambiental causado pela Braskem

Ação em frente à prefeitura critica silêncio da gestão sobre crime da mineradora

Da Página do MST

Referindo-se ao “prefeito instagramável”, jovens do MST em Alagoas realizaram na manhã de ontem (06) uma intervenção na porta da Prefeitura de Maceió, no bairro do Jaraguá. Levando entulhos para a porta do prédio, a ação faz referência ao crime ambiental que a cidade vive, resultado da ação da mineradora Braskem e o silêncio da gestão municipal.

O crime, que já é caracterizado como o maior crime ambiental em área urbana do mundo, ameaça a vida de cerca de 40 mil pessoas em quatro bairros de Maceió, com afundamento de solo e tremores de terra, a partir do desgaste da exploração de sal-gema, substância utilizada para a fabricação de soda cáustica e PVC.

A intervenção levou além do entulho, como protesto pelas milhares de casas destruídas no último período como consequência do crime da mineradora, uma caricatura do prefeito João Henrique Caldas (PSB), conhecido como JHC, e seu projeto de “cidade instagramável” a partir de instalações de objetos gigantes em vistas turísticas da cidade para fotos e vídeos de visitantes e moradores da cidade.

“O prefeito instagramável deixou a cidade afundar! A Braskem é assassina, deixou buraco em cada esquina e o prefeito se calou”, cantaram os jovens em parte da intervenção.

Acordo milionário em sigilo

O acordo de R$ 400 milhões firmados entre a prefeitura de Maceió e a Braskem para reparação dos danos causados pela mineradora na cidade, anunciado no mês de maio pela Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), segue sob sigilo, sem informações para às vítimas e para o conjunto da população sobre os trâmites da negociação e a aplicação final do recurso.

Ainda assim, cerca de 2 mil moradores ainda vivem em isolamento social sob o risco de morte, após a remoção dos bairros atingidos pelo crime da mineradora, e diversas famílias seguem sem indenização pela perda de suas casas na região.

A Braskem

Responsável pelo maior crime ambiental em área urbana do mundo, a Braskem é controlada pelo grupo Odebrecht, hoje Novonar, conhecida pela exploração de sal-gema desde 1960 em Maceió e região metropolitana.

Desde 2018, os bairros do Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Pinheiro começaram a sofrer com as rachaduras e tremores de terra.

Moradores entraram em protesto contra a mineradora na Holanda, na cidade de Roterdã, onde fica localizada a sede da Braskem, pelos 14 mil imóveis condenados na região afetada pelo crime da mineração.

Jornada da Juventude

A ação em Maceió integra a 13ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra que, pela passagem do dia do meio ambiente, realiza uma série de denúncias por todo o país dos crimes ambientais que afetam os territórios no campo e na cidade.

Com o lema “Juventude em Luta, pela Terra e por Soberania”, a Jornada realiza uma agenda de atividades de cuidado dos bens naturais nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária, com plantio de árvores e atividades de formação e organização dos jovens no campo.

*Editado por Fernanda Alcântara

Ação em Maceió. Foto: Angelo Amorim

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