Golpismo e devastação ambiental: os rastros do ruralismo nos atos terroristas em Brasília

ClimaInfo

Uma semana depois do atentado terrorista perpetrado por grupos protofascistas que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal estão fechando o cerco aos financiadores dos atos. Para surpresa de ninguém, diversos empresários do agronegócio estão entre os nomes investigados.

Um desses empresários tem um sobrenome pesado no setor agro: o ruralista Alípio Maggi, primo do ex-ministro e ex-senador Blairo Maggi. De acordo com o InfoAmazonia, o terrorista Ramiro Alves da Rocha Cruz Jr., vulgo “Ramiro dos Caminhoneiros”, um dos líderes do movimento golpista que atacou a Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro, citou Alípio como um dos empresários que financiaram a ação.

“Maggi forneceria a princípio 3 mil ônibus para Brasília, entretanto, após 48 horas, lograram [sic] 16 mil ônibus fretados”, escreveu Ramiro em nota divulgada nas redes sociais após o atentado. Alípio é sócio da Maggi Alimentos Agroindustrial e de empresas na área da construção civil e coleta de lixo em Manaus (AM). De Olho nos Ruralistas também repercutiu a informação.

Segundo Leandro Mazzini, na IstoÉ, a PF já teria identificado pelo menos 10 grandes empresários do agronegócio e fazendeiros entre os financiadores dos ataques terroristas em Brasília. A maioria é do Centro-Oeste, bastião eleitoral do ex-presidente nas últimas eleições.

Um tal “Movimento Brasil Verde e Amarelo”, que reúne mais de 300 entidades do agro e é encabeçada pelo sojeiro Antônio Galvan, foi um dos grupos que divulgaram convocações para os atentados terroristas nas redes sociais. ((o)) eco deu mais informações.

Como destacado por Folha e Valor, diversas entidades setoriais do agro passaram a última semana tentando “limpar a barra” do agronegócio, com notas públicas condenando os ataques em Brasília e refutando generalizações que coloquem o setor como um todo no banco dos réus.

Por outro lado, parlamentares e políticos alinhados ao agro foram menos contundentes nas condenações – e, em alguns casos, defenderam os criminosos que pilharam as sedes dos Três Poderes. No De Olho nos Ruralistas, Mariana Franco Ramos elencou os apologistas do golpismo bolsonarista dentro da bancada ruralista.

“Uma boa parte [dos terroristas] era uma turba enfurecida daqueles que, durante o governo Bolsonaro, saíram da expectativa da impunidade que todo criminoso tem para a certeza da impunidade”, observou a ministra Marina Silva à Folha. “[Essa turba] vem de práticas nos setores ligados a desmatamento, grilagem, tráfico de madeira, pesca ilegal, garimpo ilegal”.

Em entrevista à VEJA, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reconheceu que a política antiambiental promovida pelo governo Bolsonaro atraiu parte do agronegócio para a radicalização política e, consequentemente, para o terrorismo bolsonarista. “Lamentavelmente acho que é verdade. Fazem parte daqueles poucos, mas muito raivosos, que não fazem bem ao agronegócio. Aqueles que desmatam e tocam fogo ilegalmente são os mesmos que agora atentam contra nossa democracia. Eles precisam ser punidos rigorosamente para o bem do agronegócio e do Brasil”, disse.

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