Com quase uma semana de atraso, o governo federal iniciou a retirada de invasores da Terra Apyterewa, a mais devastada da Amazônia nos últimos anos.
O governo federal confirmou que iniciou na última 2ª feira (2/10) uma operação de grande porte para a desintrusão das Terras Indígenas Trincheira Bacajá e Apyterewa, no sudoeste do Pará. Esta última se notabilizou nos últimos anos como o território indígena mais desmatado da Amazônia. Mais de 300 servidores de órgãos como FUNAI, Polícia Federal e Força Nacional de Segurança Pública estão atuando na operação.
A retirada dos invasores vinha sendo planejada desde o começo do ano, mas a operação estava originalmente prevista para se iniciar na semana passada. No entanto, pressões de aliados políticos dos invasores, inclusive no governo estadual do Pará, acabaram atrasando a ação.
De acordo com a Agência Pública, a operação é considerada sensível por acontecer em uma região onde são comuns episódios de ataques a fiscais do IBAMA. Politicamente, a região também é marcada pelo apoio à política anti-indígena do ex-presidente Jair Bolsonaro, que intensificou a presença de invasores dentro dos territórios indígenas. Estima-se que existam cerca de mil pessoas não indígenas somente em Apyterewa, um contingente superior ao de indígenas (730).
Como consequência da presença crescente de invasores, a Terra Apyterewa acabou se tornando o território indígena mais desmatado da Amazônia. De acordo com o Imazon, a Apyterewa perdeu 80 km2 de vegetação no ano passado; nos últimos quatro anos, o desmatamento acumulado foi de 324 km2, uma área superior à do município de Fortaleza (CE).
“A desintrusão para reintegração de posse das TI ocorrerá de forma negociada com as famílias não indígenas que vivem lá e com assistência do governo federal como transporte, doação de cesta básica, cadastro para verificar se as famílias têm direito a Programa de Reforma Agrária e orientação para inscrição no Cadastro Único para as famílias que ainda não façam parte”, destacou a Secretaria-Geral da Presidência da República, em nota.
O início da retirada dos invasores das Terras Trincheira Bacajá e Apyterewa foi destacado por diversos veículos, como Agência Brasil, Brasil de Fato, Folha, g1, O Globo e Repórter Brasil, além da Associated Press.
Em tempo: O ministro da economia da Suíça, Guy Parmelin, formalizará nesta 4ª feira (4/10) a adesão do país ao Fundo Amazônia. Segundo informou Jamil Chade no UOL, as autoridades suíças pretendem liberar de imediato um montante de cerca de R$ 30 milhões. O anúncio traz mais um financiador ao Fundo Amazônia, retomado pela gestão Lula depois de quatro anos congelado, e amplia o montante disponibilizado para financiar projetos de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira.
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PF