Mbappé, a extrema direita e a pergunta: quem tem direito de ser francês? Por Jamil Chade

No UOL

Quando Mbappé concedeu uma coletiva de imprensa, há poucos dias, um repórter pegou o microfone para fazer uma pergunta ao craque da seleção francesa. O jogador não encontrava de onde vinha a voz e o jornalista, para se identificar, afirmou:

Aqui Kylian, pela esquerda. Extrema esquerda.

Mbappé buscou o jornalista com os olhos e, ao encontrá-lo, brincou: que sorte que você não está do outro lado, arrancando a risada de todos. (mais…)

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É possível derrotar o bolsonarismo em São Paulo? Por Valerio Arcary

A extrema direita explora de forma impiedosa todos os temores e ansiedades que fragmentam a sociedade

No A Terra é Redonda

1.

A última pesquisa DataFolha, realizada nos primeiros dias de julho, não trouxe variações importantes sobre os humores populares, até porque 55% da população ainda não decidiu em quem poderia votar. As eleições para prefeito não atraíram até agora a atenção da maioria absoluta. A principal novidade da campanha foi a confirmação do ex-comandante da Rota (tropa de elite da PM-SP), coronel Ricardo Mello Araújo como vice de Ricardo Nunes e o alinhamento com o bolsonarismo. (mais…)

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A parteira da história. Por Flávio R. Kothe

As antigas potências coloniais europeias se tornaram, desde 1945, colônias de uma ex-colônia britânica e, atualmente, estão sendo superadas pelo mundo multipolar

No A Terra é Redonda

Se a violência é a parteira da história e escorre sangue quando uma nova era está sendo parida, isso significa não só que é preciso repensar o pacifismo como uma forma de conservadorismo. Há situações em que é preciso não recuar mais, para não ser destruído. Um governo popular não imaginar que oligarquias não possam tentar tomar o poder até mediante um golpe de Estado é não ter a cautela suficiente para, mais que se manter no poder, preservar e implantar os valores que o fizeram chegar ao governo. (mais…)

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Maria Emília Pacheco: em defesa da agroecologia e soberania alimentar

Por Monica de Jesus Cesar, no Em Pauta

É com grande satisfação que realizamos esse diálogo com Maria Emília Lisboa Pacheco(1), assistente social, assessora da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) e integrante dos Núcleos Executivos da Articulação Nacional de Agroecologia e do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Destaca-se sua atuação como uma das fundadoras da Articulação Nacional de Agroecologia (Ana) e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

Com relevante experiência, Maria Emília gentilmente se dispôs a compartilhar com a Em Pauta e seus leitores reflexões sobre a relação entre questão ambiental, agroecologia e soberania alimentar, considerando que a fome e suas manifestações revelam que as desigualdades sociais no Brasil – de classe, gênero, étnicas e raciais – são estruturais e foram aprofundadas nos últimos anos, em virtude do desmanche das políticas públicas e das medidas ultraneoliberais e antidemocráticas postas em marcha no país. Medidas estas que, a favor do avanço da exploração capitalista dos recursos naturais e humanos, incidiram fortemente no meio ambiente, nos povos originários e nas populações tradicionais, ameaçando sua continuidade histórica. No centro deste debate, portanto, estão os sujeitos que, assim como nossa entrevistada, lutam pela preservação das terras, matas e florestas e pela defesa dos direitos dos povos que nelas vivem. (mais…)

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A perversidade tomou conta do Brasil. Artigo de Rudá Ricci

No IHU

“Não temos na nossa história qualquer vínculo com o Império Mongol. Porém, o fundamentalismo desumano que toma conta da Câmara dos Deputados procura, de todas as formas, negar os princípios da sociedade civil e sufoca o futuro de muitas crianças brasileiras. Um basta seria pouco para este tipo de ataque à democracia e humanidade em nosso país. É preciso algo grandioso para restabelecermos as bases da nossa Janela de Overton”, escreve Rudá Ricci, sociólogo, com larga experiência em educação e gestão participativa, diretor do Instituto Cultiva.

Eis o artigo.

Tenho a impressão de que giramos a chave no Brasil. A perversidade, revestida de fundamentalismo religioso, foi além do imaginável com a PL do Estupro. Foi como um soco no estômago de quem tem um mínimo de empatia com a vida de crianças que sofreram abusos e atrocidades. (mais…)

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Sobre a ignorância artificial. Por Eugênio Bucci

Hoje, a ignorância não é uma casa inabitada, desprovida de ideias, mas uma edificação repleta de baboseiras desarticuladas, uma gosma de densidade pesada que ocupa todos os espaços

No A Terra é Redonda

Quando alguém tenta imaginar o que seja a ignorância, a primeira imagem que lhe ocorre é o vazio. De fato, enquanto o saber tem para nós o aspecto de casa cheia e feliz, o não-saber é seu oposto: um lugar macambúzio, desocupado e triste. O conhecimento lembra uma constelação de fagulhas inspiradoras, como um salão de janelas amplas, ensolaradas, cheio de gente bonita indo de um lado para o outro; a estultice é sombra e mutismo, um galpão deserto, escuro, sem ninguém e sem utilidade. (mais…)

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Perversidades e retrocessos na agenda do aborto. Por Flávia Biroli

É razoável impor a maternidade a crianças a quem a sociedade não foi capaz de proteger? Em que tipo de sociedade é legítimo tratar uma mulher estuprada com penalidades mais duras que a do estuprador? Em que contexto de exercício de poder pode ser normalizada a ideia de que uma mulher deve morrer ou ir para a cadeia se a gestação é de risco, mesmo havendo lei que prevê que ela teria acesso ao aborto nesse caso?

Desde 1940, as mulheres brasileiras podem legalmente realizar um aborto quando a gestação resulta de estupro ou se há riscos de que morram devido a problemas gestacionais. São duas situações extremas, que foram tacitamente aceitas por muito tempo, embora o acesso ao aborto legal tenha sido sempre difícil no país. Em 2012, passamos a ter uma terceira exceção à criminalização, a anencefalia fetal, caso também extremo em que não há possibilidade de vida fora do útero. Também nos anos 2000, no primeiro ciclo de governos do PT, a Norma Técnica Atenção Humanizada ao Aborto, do Ministério da Saúde (2005 e 2014), apontava para uma orientação estatal alinhada à legislação existente, procurando garantir atendimento às mulheres que decidissem abortar nos casos permitidos por lei.

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