Safatle: As lições que vêm do Chile

História recente do país mostra: a ultradireita capitaliza sujeitos reativos enquanto esquerda aposta na conciliação. Arrogância de insistir em pautas justas, mas sem conexão com as maiorias, pode frustrar qualquer rebelião popular

Vladimir Safatle, em entrevista à Cult

Na votação para formar uma nova assembleia constituinte no Chile, ocorrida no último domingo (7/5), a direita obteve 34 dos 51 assentos, garantindo maioria no processo para redigir uma nova Carta Magna. (mais…)

Ler Mais

Ainda haverá justiça neste planeta? Por Luiz Eça

No Correio da Cidadania

Não há como discutir a condenação de Putin pelo TPI (Tribunal Penal Internacional). Iniciar uma guerra sem razão é certamente um dos piores crimes contra a humanidade. A pena aplicada foi mais do que justa e os juízes do tribunal sempre dispuseram do respeito internacional por sua competência e integridade.

Mas, como filosofou o ator Joe E. Brown, em Quanto Mais Quente Melhor, “nada é perfeito”. E os doutos magistrados andaram vacilando ao deixarem em paz os dirigentes dos EUA, autores de guerras devastadoras contra o Iraque e o Afeganistão. (mais…)

Ler Mais

IAgora: inteligência artificial e alienação. Por Mauro Luis Iasi

Aquilo que a IA acessa em seu banco de dados não é a inteligência artificial, mas o conjunto de saberes e experiências humanas objetivadas, distanciadas de seus criadores e que voltam a ele como uma força hostil que os ameaça. Em outras palavras, aliena-se.

“O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda”
Gilberto Gil (Cérebro eletrônico, 1969)

No Blog da Boitempo

Em uma brilhante charge, que infelizmente não sei quem é o autor, vemos uma pessoa perguntado a outra se ela se preocupa com o avanço da inteligência artificial e o outro responde que não, que se preocupa mais com o retrocesso da inteligência natural. (mais…)

Ler Mais

O ponto fraco da ultradireita latinoamericana

Assim como na Europa, ela cultua violência e anticomunismo. Mas sua referência é Trump. Por isso, seu nacionalismo é oco: ela não quer nem Estado forte, nem críticas ao neoliberalismo e aos EUA. Aí pode estar seu calcanhar-de-aquiles

por Claudio Katz, na Jacobin Latinoamericana | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras

A ascensão das novas direitas não produz mais surpresa. Confirma uma tendência das últimas décadas, que inclui a captura de vários governos e sua presença como um ator no sistema político. A onda de projetos reacionários canaliza parte do descontentamento gerado pela globalização neoliberal. Captura, com mensagens controversas, o desencanto causado por um modelo que multiplicou desigualdade, desemprego e precariedade. (mais…)

Ler Mais

Chomsky: ChatGPT contra o pensamento crítico

Filósofo dispara: novos bots são simuladores poderosos, mas também o oposto da inteligência, do aprendizado e da reflexão. Capital quer empregá-los para nublar o debate público. Porém, saída não é freá-los — e sim estimular a educação política

por Noam Chomsky, em entrevista a Ivo Neto e Karla Pequenino no Público | Tradução: Maurício Ayer, em Outras Palavras

Há um mês, o reputado filósofo e linguista Noam Chomsky co-assinou um artigo no New York Times em que condena a “falsa promessa do ChatGPT”, criticando o rumo que o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) levou. Ao Ípsilon, numa videochamada, o especialista do MIT reforçou a preocupação com a forma como a tecnologia está evoluindo, com algoritmos que nos dão conteúdo à nossa medida e chatbots que simulam a comunicação humana e contribuem para a inércia analítica e criativa. (mais…)

Ler Mais

Quais os limites do Chat GPT na Saúde?

Em debate promovido por Outra Saúde e ELA-IA, o pesquisador Wellington Pinheiro dos Santos reflete sobre as possibilidades e perigos da nova ferramenta. E instiga: é hora do Brasil aproveitar nova brecha para construir tecnologias públicas

por Alessandra Monterastelli, Outra Saúde

Na década de 1940, Alan Turing, matemático britânico, elaborou uma teoria após sua observação sobre uma brincadeira comum nas casas inglesas da época. Uma pessoa ficava de um lado de uma cortina e fazia uma pergunta; do outro lado da cortina, um rapaz e uma moça deveriam elaborar uma resposta, escrevê-la em um pedaço de papel e passá-la debaixo da cortina. A pessoa que fez a pergunta deveria adivinhar de quem era a resposta. Turing, então, disse que chegaríamos à inteligência artificial no dia em que, se atrás da cortina estivessem um rapaz e um computador, a pessoa que recebesse as respostas para a sua pergunta não soubesse diferenciar qual delas foi escrita por um humano e qual por uma máquina. (mais…)

Ler Mais

As entranhas do capitalismo sanguessuga. Por Ladislau Dowbor

No controle da revolução digital, o capital avança à sua fase financista, em que concentra a riqueza em escala jamais vista – sem produzir nada. Para os 99%, trabalho precário e desalento. Governança segue analógica, de mãos atadas e local

Em Outras Palavras

O Dicionário de Cambridge define o mais-valor como “a diferença entre o valor que um trabalhador recebe e o valor que o trabalhador acrescenta aos bens ou serviços produzidos”. Não é preciso ser marxista para entender que os altos lucros obtidos com baixos salários levam à exploração e ao crescimento desequilibrado. Essa ainda é uma questão crucial, pois o ciclo econômico exige não apenas produção, mas também poder de compra para que os bens e serviços possam ser vendidos. Na tradicional economia industrial do século 20, um equilíbrio razoável foi alcançado através do New Deal nos EUA e do Welfare State em alguns países, basicamente do Norte Global, com políticas públicas equilibrando interesses por meio de tributação progressiva e provisão de bens públicos e serviços. Esse equilíbrio foi derrubado pela extração de riqueza atualmente dominante por meio do rentismo, ou geração improdutiva de riqueza, acima e muito além do mais-valor tradicional. Chamamos isso de neoliberalismo, mas não há nada de liberal nessa história. (mais…)

Ler Mais